Rita

(Rita, Dinamarca, 2012-)
Comédia, Drama
Criador: Christian Torpe
Temporada: 1-5
Elenco: Lise Baastrup, Mille Dinesen, Nikolaj Groth, Ellen Hillingsø, Carsten Bjørnlund
Duração média: 40 min.
Canal Netflix
Onde ver: Netflix

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Somos hospedeiros de nossos opressores, e não importa se nossa vida seja exemplar, magnífica, ou nada daquilo que se espera; ser autêntico e poder se reconhecer em si mesmo e se assumir para si e para o mundo como quiser é libertador. Com ar pueril, mas profundo o bastante para emocionar e tirar boas risadas, Rita, da Netflix, joga luz em temas que mexem e divertem.

Uma série escandinava sem crimes e mistérios, mas com professoras em uma escola de ensino infantil que lidam com os temas do dia a dia de um jeito muito particular. Além de temas como violência doméstica, bullying, problemas de aprendizagem, sair do armário, família, traumas e drogas, Rita (Mille Dinesen) e Hjørdis (Lise Baastrup) se deparam ao longo das temporadas, de forma recorrente, com o tema amor. E o amor em todas as suas aplicações, seja entre amigos, em relacionamentos, com os filhos, seja amor próprio ou com os alunos, e principalmente, ensinando os alunos sobre ele, cada uma à sua maneira, claro.

Tímida, autêntica e de poucos amigos, Hjørdis vê em Rita uma grande amiga e ao mesmo tempo um exemplo de força e de alguém que precisa de atenção. É o tipo de pessoa que dá vontade de ter perto e se surpreender com as ideias inocentes e sinceras para viver a vida melhor. Além de uma visão muito peculiar sobre seu lugar no mundo, tem um coração que dificilmente se macula com rancor ou sentimentos negativos. Um ser evoluído que vemos pouco por aí.

Rita é a impulsiva que tem dificuldades de lidar com injustiças contra colegas e alunos. Por ser inteligente e boa de ação, é facilmente confundida com rebelde, mas no fundo é apenas uma mulher que já passou por muita coisa, já teve que superar tudo para continuar e fica clara sua resiliência ao longo das temporadas, bem como, seu talento em se meter em confusão e polêmica. Fica difícil não se emocionar ou não torcer com força.

Outro ponto que chama muita atenção sobre a protagonista é que ela é por ela, não há mais nada ou ninguém que possa defini-la. Por momentos é fácil enxergar nela algo de triste, de louca ou de má. Como se qualquer coisa que não saia muito bem para ela, seja devidamente merecido, por não ter seguido, de certa forma, as “regras” para que as coisas corram bem. Francisco, el Hombre colocou em versos para ficar fácil de entender:

Só mesmo, rejeita
Bem conhecida receita
Quem não sem dores
Aceita que tudo deve mudar
Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Você é seu próprio lar

Tanto Rita quanto Hjørdis são do tipo de professora ideal, são exemplos perfeitos disso, pois apesar de muito diferentes entre si e com relação à própria comunidade onde a escola está inserida, não impõem sua visão de mundo nas aulas e aos alunos, pelo contrário, são defensoras da promoção do diálogo, cada uma ao seu modo, o que dá o tom da série, e o que nos faz lembrar tanto de Paulo Freire.

Educadoras e educandas que inventam, reinventam, com cabeças inquietas e impacientes demais, para buscarem de forma permanente a transformação e a superação, é o pano de fundo desta série divertida e instigante que vai te fazer rir muito e parar para pensar em muita coisa.

Prefiro queimar o mapa
Traçar de novo a estrada
Ver cores nas cinzas
E a vida reinventar

Melhor episódio
T02E08 – Ervas

Assistir “Rita” na Netflix

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