Rumo ao Oscar 2016: Se a crítica escolhesse

No próximo dia 28 de fevereiro acontece a premiação do Oscar, onde conheceremos os preferidos dos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Os filmes indicados neste ano também foram aqueles que se destacaram para a crítica especializada de lá. No Rumo ao Oscar 2016 de hoje, vamos fazer uma brincadeira e imaginar quem seriam os vencedores se os votantes seguissem as mesmas escolhas dos críticos de cinema.

O prêmio escolhido para fechar o levantamento foi o Critic’s Choice Awards, concedido pela Broadcast Film Critics Association (BFCA), uma associação com críticos dos Estados Unidos e do Canadá, que aconteceu no último domingo (17). A premiação, de certo modo, confirmou as escolhas das associações, círculos e alianças regionais também dedicadas à crítica cinematográfica.

As votações regionais não seguem sempre as mesmas regras. Algumas votam categorias especiais e nem sempre a categoria é tratada da mesma maneira. A Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, que entrega anualmente o Globo de Ouro, por exemplo, junta roteiros originais e adaptados em uma mesma categoria, assim como as associações de críticos de Boston, Detroit, Toronto e Los Angeles. Para a BFCA e várias outras associações, são duas categorias diferentes.

Mas as categorias principais, como filme, direção, atores principais e coadjuvantes são sempre mantidas. E foi nessas categorias que fica clara a coerência entre os prêmios regionais e o Critic’s Choice Awards.

Prêmios principais

Das 39 associações levantadas, 24 elegeram Spotlight – Segredos Revelados como o melhor filme do ano, o segundo colocado, com 10 votos foi o longa-metragem Mad Max: Estrada da Fúria. Nesta categoria, como nas de melhor ator e melhor atriz foram considerados os dois ganhadores do Globo de Ouro.

2016 parece mesmo ser o ano de Leonardo DiCaprio, o ator é o favorito da crítica por sua atuação em O Regresso. Em uma categoria bastante pulverizada, com 11 concorrentes, ele aparece na liderança, escolhido 19 vezes. O que mais se aproxima dele é Michael Fassbender, por seu Steve Jobs no filme de mesmo nome, com 9 votos.

Se DiCaprio já aparece bem na fita, imagine Brie Larson, que conquistou mais associações do que o filme Spotlight – Segredos Revelados. A protagonista de O Quarto de Jack foi escolhida 26 vezes. Vinte vezes mais do que sua principal rival, Saoirse Ronan, protagonista de Brooklyn.

A categoria melhor ator coadjuvante também foi bastante concorrida este ano, com 13 atores lembrados pelos críticos. A briga pelo primeiro lugar entre Sylvester Stallone, com seu Rocky Balboa em Creed: Nascido para lutar, e Mark Rylance, o espião russo de A Ponte dos Espiões, foi bastante disputada. Rocky acabou ganhando por pontos. 14 x 8.

Em melhor atriz coadjuvante aparece a maior esquisitice do ano. A favorita absoluta foi a sueca Alicia Vikander, por seu papel em Ex Machina: Instinto Artificial, que não recebeu indicação ao Oscar. Não por esse papel, porque ela está lá entre as concorrentes por um outro, o de Gerda Wegener em A Garota Dinamarquesa. Na contagem das associações, ela terminou com 19 pontos pelos dois filmes. 16 pela robô Ava e 3 por Gerda. Separadamente, ela ficaria em segundo lugar, perdendo para Rooney Mara, em Carol, que conquistou 4 pontos.

Na categoria melhor direção também houve uma vitória esmagadora. George Miller, diretor de Mad Max: Estrada da Fúria conquistou 23 associações. A disputa maior foi pelo segundo lugar, onde Thomas McCarthy, de Spotlight, venceu 6 vezes e Alejandro G. Iñárritu, de O Regresso, quatro.

Como há essa diferença entre roteiro original e adaptado, vamos aqui considerar a classificação do roteiro para transferir os votos para as categorias adequadas. Assim, se uma associação deu o prêmio de roteiro a Spotlight, vamos considerá-lo na tabela de roteiro original. Inclusive, o filme é mesmo o vencedor desta categoria, com 25 vitórias, 20 a mais do que o segundo colocado, Divertida Mente.

Já em roteiro adaptado, o grande destaque vai para A Grande Aposta, que conquistou 11 associações. Dois concorrentes aparecem empatados em segundo lugar: O Quarto de Jack e Perdido em Marte, cada um com seis vitórias.

Por trás das câmeras

Como nem todas as categorias que ficam por trás das câmeras são consideradas nas votações de começo de ano das associações, os números de votos é sempre reduzido por aqui. Tanto que algumas, como figurino, não foram nem consideradas na contagem final pelo baixo número de votos.

A com mais votos dentre essas categorias é a de fotografia e aqui há a primeira disparidade entre as associações regionais e o BFCA. Na contagem final, o grande vencedor foi John Seale, por Mad Max: Estrada da Fúria. Seguido bem de perto por Emmanuel Lubezki, de O Regresso. O placar final: 11 x 10.

A montagem mais reconhecida foi a de Margaret Sixel, montadora de Mad Max: Estrada da Fúria, escolhida 12 vezes. O único filme que conseguiu voto além deste foi A Grande Aposta, montado por Hank Corwin, e escolhido como melhor pela Associação de Críticos de Los Angeles.

Na direção de arte, o mais vitorioso também foi Mad Max: Estrada da Fúria. Todos os outros filmes lembrados pelas associações estão fora da disputa do Oscar. São eles, Brooklyn e Carol. A escolha do filme de George Miller também se repete em Efeitos Visuais, embora aqui encontre um concorrente ainda em disputa: Ex Machina, que foi escolhido como melhor pela Sociedade de Críticos de Nevada.

Ouvindo o filme

Em melhor trilha sonora, o escolhido foi o mais esperado dos concorrentes, Ennio Morricone, responsável pela trilha de Os Oito Odiados, com 8 votos. O segundo lugar, com dois votos, ficou com Carter Burwell, por seu trabalho em Carol.

Em canção, mais uma confusão. A escolhida pelos críticos “See You Again”, composta para o filme Velozes e Furiosos 7 também está fora da corrida pela estatueta dourada. A única que ainda segue em disputa foi Writing’s on the Wall, composta para 007 Contra Spectre, com dois pontos, um pelo Globo de Ouro e outro pela Associação de Criticos de Saint Louis.

Outros filmes

Voltando à supremacia de alguns títulos, nas categorias documentário, animação e filme em língua estrangeira, a coisa já estaria completamente determinada. A primeira escolha seria de Amy, com 25 vitórias; a segunda, de Divertida Mente, com 30 vitórias; e a terceira, de O Filho de Saul, com 20 vitórias.

A lista final, portanto, ficaria assim:

Melhor filme: Spotlight – Segredos Revelados
Melhor direção: George Miller, por Mad Max: Estrada da Fúria
Melhor atriz: Brie Larson, por O Quarto de Jack
Melhor ator: Leonardo DiCaprio, por O Regresso
Melhor atriz coadjuvante: Rooney Mara, por Carol
Melhor ator coadjuvante: Sylvester Stallone, por Creed: Nascido para Lutar
Melhor roteiro original: Spotlight – Segredos Revelados
Melhor roteiro adaptado: A Grande Aposta
Melhor fotografia: John Seale, por Mad Max: Estrada da Fúria
Melhor trilha sonora: Ennio Morricone, por Os Oitos Odiados
Melhor montagem: Margaret Sixel, por Mad Max: Estrada da Fúria
Melhor desenho de produção: Colin Gibson e Lisa Thompson, por Mad Max: Estrada da Fúria
Melhores efeitos visuais: Andrew Jackson, Tom Wood, Dan Oliver e Andy Williams, por Mad Max: Estrada da Fúria
Melhor canção: “Writing’s in the Wall”, de 007 contra Spectre
Melhor documentário: Amy
Melhor animação: Divertida Mente
Melhor filme em língua estrangeira: O Filho de Saul

Confira abaixo a tabela com os vencedores das associações, sociedades e círculos de críticos em cada uma das categorias (o resultado geral da revista IndieWire também foi considerado):

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