(Santoro – O Homem e sua Música, BRA, 2015)
DocumentárioDireção: John Howard Szerman
Roteiro: John Howard Szerman, Alayde Sant’Anna, Gisèle Santoro
Duração: 85 min.
Nota: 1
Desconhecido do grande público, Cláudio Santoro foi um dos grandes compositores brasileiros. Reconhecido no meio musical erudito como um dos mais inventivos musicistas daqui, esse desconhecimento incomodou o diretor John Howard Szerman, que resolveu contar esta história em Santoro – O Homem e sua Música.
O motivo é nobre e Santoro, sem dúvida nenhuma, é uma figura que merece ser descoberta pelos brasileiros, mas uma série de equívocos na hora de transformar isso em filme diminuem a experiência e acabam causando muito mais desinteresse do que o contrário.
Quadrado ao extremo, o documentário tem o grave problema de esquecer os pontos negativos de Santoro, homem de gênio difícil, para transformá-lo em alguém que só tem qualidades. Ou seja, em alguém que não existe. A escolha por depoimentos chapa-branca de parentes e amigos complicam mais as coisas. É como se não houvesse máculas.
Além disso, sobram defeitos técnicos. Falta cuidado com a direção de fotografia em alguns depoimentos, bastante desleixada na iluminação, e até mesmo com a aparência daqueles que gravaram seus depoimentos. O crédito dos indivíduos que falam repetido a exaustão e o uso de imagens com uma resolução insuficiente também não passam despercebidos, assim como a linguagem extremamente rebuscada e específica. Há passagens, por exemplo, que só os iniciados em música clássica – o que não é o meu caso – conseguem compreender.
Além disso há um excesso de informações desnecessárias nos créditos finais. As medalhas de honra ao mérito ou de cidadão honorário pouco acrescentam a vida de alguém. Do mesmo modo, muito do que foi falado no filme, repete-se. O tempo gasto com esses créditos poderia muito bem ter sido usado, por exemplo, para falar sobre os problemas reais com a obra de Santoro, parte já perdida pela má conservação.
É como se o documentário fosse uma propaganda perfumada feita para um público muito específico, e sem muito cuidado. Talvez quem entenda muito de música não se importe com esse descaso, mas os amantes do cinema não conseguirão. Injustificável sua presença em uma seleção de festival.
Um Grande Momento:
Não tem.
[48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro]