(Scarface, EUA, 1932)
DramaDireção: Howard Hawks, Richard Rosson (co-direção)
Elenco: Paul Muni, Ann Dvorak, Karen Morley, Osgood Perkins, C. Henry Gordon, George Raft, Vince Barnett, Boris Karloff, Edwin Maxwell
Roteiro: Armitage Trail (romance), Fred Pasley (adaptação), Ben Hecht
Duração: 93 min.
Nota: 7
Clássico dirigido por Howard Hawks, Scarface – A Vergonha de uma Nação é, sem dúvida, uma marco na história do cinema. Com roteiro de Ben Hecht, a produção foi realizada durante os “anos de ouro da turbulência”, período em que as amarras da censura andavam frouxas e filmes e cenas mais ousados (para a época), passavam “ilesos” pelo sensor. Porém, mesmo sendo concluído entre 1932-1933, Scarface encontrou problemas para ser efetivamente lançado, precisando que seus produtores travassem uma batalha jurídica, além da criação de um final alternativo que não precisou ser usado.
O roteiro, uma adaptação do romance homônimo de Armitage Trail, é baseado na história de Al Capone. Narra a história do gangster Tony Camonte (Paul Muni) e sua ascensão no mundo do crime organizado. Após matar um rival e ganhar notoriedade entre criminosos e principalmente seu chefe, Tony trama a tomada do poder. E se mostra um homem ambicioso e violento, totalmente sem escrúpulos para atingir seus objetivos.
Como veríamos mais tarde na versão de Brian de Palma, com brilhante atuação de Al Pacino, a ambição desenfreada de Tony, marca sua própria derrocada. Junto a um amor platônico, talvez incestuoso pela irmã, que faz com que emoções e negócios entrem em conflito, gerando caos e tragédias.
A história de Tony Camonte já foi comparada ao clássico “Macbeth” de Shakespeare, por suas traições, violência e manipulações. Contudo, o personagem de Tony entra para a galeria de “novos” personagens ou anti-heróis que os filmes de gângster apresentam. São protagonistas que, na verdade, também são vilões.
Apesar de algumas produções de 1910 já abordarem o tema como Regeneration e The Musketeers of Pig Alley, os longas da década de 1930 Inimigo Público nº1, Alma no Lodo e Scarface constroem a base e os paradigmas do gênero “filme de máfia”, e deixam pilares que estarão presentes nos futuros filmes do gênero, até os dias atuais.
Antenado e de certa forma comprometido com o contexto e a realidade daquele momento (lei seca e crime organizado), o diretor Howard Hawks deixa claro em seu trabalho o manifesto de crítica ao governo norte-americano por seu descaso com a ascensão do crime organizado. Assim, o diretor abre o filme com uma nota direta sobre suas intenções em contar aquela história não apenas como entretenimento, mas um ato de denúncia.
Paul Muni no papel principal divide as opiniões sobre sua atuação, que por um lado é forte e intensa, mas essas mesmas características causam certa estranheza, com um tom teatral às vezes exagerado. No entanto, vale a ressalva e o lembrete da força do teatro e sobretudo do esforço intenso por mais expressividade que acompanhavam os atores, até então acostumados ao cinema mudo.
Outro ponto forte de Scarface: A Vergonha de uma Nação são as cenas de ação que, para a época, com tiroteios e perseguições de carro, eram elementos ainda raros. Howard não só apresenta o novo, como o faz com grande apuro técnico e plástico.
Responsável por mais de 40 filmes (como diretor e produtor), realizador de épicos, westerns, comédias, policiais e filmes de gângster, o diretor ganhou em 1975, um Oscar honorário concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos..
Um Grande Momento:
Polícia cercando Tony Camonte.
Links
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