(Under the Skin, GBR/EUA/CHE, 2013)
Ficção CientíficaDireção: Jonathan Glazer
Elenco: Scarlett Johansson, Jeremy McWilliams, Paul Brannigan, Krystof Hádek
Roteiro: Michel Faber (romance), Walter Campbell, Jonathan Glazer
Duração: 108 min.
Nota: 8
Mais do que apenas um filme, Sob a Pele é uma experiência. O espectador tem a liberdade de seguir o caminho que quiser para compreender e assimilar aquilo que está acontecendo na telona. Interpretações diversas, reanálises e tentativas de personificar, ou pelo menos contemporizar, as imagens apresentadas são abundantes.
Algo entre um alinhamento de planetas e o treinamento de um androide que tentará se passar por humano chegam lentamente ao espectador. E é nesse ritmo que Jonathan Glazer (Sexy Beast) mantém todo o seu longa. Por mais que os acontecimentos sejam chocantes, confusos e surpreendentes, há muito tempo para se acostumar com cada uma das situações.
O filme ganha muitos pontos por se manter, por quase todo o tempo, imparcial. Não há manipulação e nem tentativas de explicações que subestimam a capacidade cognitiva do espectador. Ainda que algumas passagens reafirmem o que já está claro, não há excessos.
Glazer conta a sua história com uma consciência muito grande de que aquilo vai virar uma outra coisa completamente diferente dentro de cada um dos que se entregarem ao projeto. Essa é sua intenção: permitir que quem assiste ao filme preencha essa espécie de vazio propositalmente deixado.
A escolha de Scarlett Johansson (Encontros e Desencontros) para viver o ser protagonista do filme mostrou-se uma opção acertada. Ela está realmente muito bem ao viver a criatura oca que busca tentar sentir como os humanos. A incompreensão de algumas atitudes e o agir mecânico, sem reflexão, podem ser percebidos muito claramente. Mais uma vez sem exageros ou explicitações desnecessárias.
Tecnicamente, também há muita coisa positiva no longa-metragem. Entre elas, a que mais se destaca é a trilha sonora de Mica Levi. Também conhecido como
Micachu, o cantor e compositor britânico, com sua música, contribui para a construção do ritmo do filme, pontuando bem momentos de tensão e de suspense.
Depois de tantos acertos – e alguns estranhamentos, é verdade -, o que se percebe em Sob a Pele é a sua capacidade de permanência. Há tanta coisa para ser pensada e interpretada, que aquilo que se vê, mesmo depois de bastante tempo, fica com o espectador.
Você já está marcado, impressionado e confuso, mas muitas daquelas imagens, sons e jogos de cena cheios de significados a serem descobertos continuam por ali, fazendo com que a experiência se prolongue por muito tempo.
Um Grande Momento:
O abate.
Links
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