(Soberano – Seis Vezes São Paulo, BRA, 2010)
Documentário
Direção: Carlos Nader
Roteiro: Marcelo Arruda
Duração: 90 min.
Nota: 5 É um pouco curiosa a relação entre os exibidores e os documentários sobre times brasileiros de futebol, que se proliferaram nos últimos anos. Enquanto muitos longas-metragens nacionais de ficção mal conseguem uma sala sequer para serem exibidos, este Soberano – Seis Vezes São Paulo entra em circuito com cerca de 50 cópias. A situação fica ainda mais insólita ao se pensar que cinema e futebol nunca foi uma parceria muito bem-sucedida na cinematografia brasileira, com poucos exemplares dignos de nota, como Garrincha, Alegria do Povo, do Joaquim Pedro de Andrade.
Não se sabe ao certo qual o motivo do futebol ter sido pouco explorado pelo cinema nacional, mas os cineastas brasileiros nunca souberam direito filmar sequências com bola. Talvez por isso mesmo o futebol seja muito mais falado e documentado que propriamente encenado. E essa disseminação de bem-sucedidos documentários futebolísticos mostra que há um público que quer ver o esporte no cinema.
Obviamente, um filme como Soberano – Seis Vezes São Paulo teria, em tese, somente o torcedor tricolor como público-alvo, assim como o Fiel teve o corinthiano, o Gigante os colorados, e assim por diante. Decerto é que esses filmes têm obtido retorno de público.
Soberano faz um recorte muito específico dentro da história do São Paulo Futebol Clube: as conquistas dos seis campeonatos brasileiros, que o colocam na hegemonia do futebol nacional. Dentro desse recorte, portanto, ficam de fora outros títulos importantes conquistados pelo tricolor, como a Copa do Mundo de Clubes da FIFA e as três Taças Libertadores .
A edição do filme segue a estratégia de se guiar linearmente por uma história pessoal de um torcedor (houve um concurso pela internet no qual milhares de internautas enviaram suas histórias pessoais para com o clube) com um título específico, com um ou outro elemento de autoridade, tais como os ex-jogadores Raí e Careca e os técnicos Muricy Ramalho e Rubens Minelli. O único momento que foge do padrão é uma homenagem ao falecido técnico Telê Santana, tido como ídolo da torcida até hoje.
Apesar do esquematismo narrativo que cansa em dado momento, o filme tem um trabalho de som bastante interessante e um competente trabalho de pesquisa de arquivo, na qual não faltam muitos gols. As imagens de entrevistas, dentro do estádio do Morumbi, dão um charme a mais à produção, apesar destas não serem tão efetivas quanto pensadas.
De uma forma um pouco precária, mas ideologicamente pertinente, algumas imagens captadas por torcedores dentro do estádio são apresentadas dentro do filme, reiterando que a simbiose entre cinema e espectador ainda está apenas começando a acontecer.
Links
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