Steve Jobs, um visionário também do cinema

Que Steve Jobs era visionário, todo mundo já sabe. Quem não sabia descobriu sua mente brilhante no último dia, quando o anúncio de sua morte e seus feitos estiveram presentes em toda a imprensa e nas redes sociais. Até mesmo aqueles que não são simpáticos ao hermético, mas rentável, reino da maçã criado por ele reconhecem o papel fundamental do fundador da Apple para o mundo moderno.

Sua fixação em estar sempre superando obstáculos e fazendo-o da maneira mais perfeita possível fez com que todos, de alguma maneira, estivessem ligados à ele. Sem Jobs seria outro o mundo dos microcomputadores, dos players de música e até mesmo da telefonia celular. Além de criações, foi por causa de seus tecnológicos aparelhos que muitas mudanças aconteceram, indo das comunicações, facilitando e democratizando o acesso a informação, à relações dos consumidores com obras protegidas por direito autoral, principalmente na música.

Mas Steve Jobs também foi fundamental para o cinema. Em um momento financeiro difícil da Apple, o executivo foi afastado da empresa que criara e, como não conseguia ficar parado, comprou uma parte da Graphics Group por US$ 10 milhões de ninguém menos que George Lucas. Desta companhia, especializada na venda de hardware, Jobs criou a Pixar, um dos estúdios de animação mais importantes da atualidade.

Depois de sua compra, a inovação já poderia ser sentida com diversos curtas e se firma com Toy Story, o primeiro filme completamente produzido em computadores que iniciou um longa lista de sucessos. Voltando os olhos para os dedos de Midas do executivo, descobrimos que ele se tornou o maior acionista da Disney em 2006, quando a vendeu a empresa de animações gráficas à empresa criada por Walt Disney.

John Lasseter e Ed Catmull da Pixar lamentaram a morte de Jobs em nota oficial, dizendo que “Steve Jobs foi um visionário extraordinário, um amigo querido e uma luz guia para a família Pixar”. O CEO da Disney, Bob Iger, também se pronunciou dizendo que “Steve era dono de imensa originalidade, criatividade sem limites e uma mente imaginativa que definiu uma era”.

Confira abaixo alguns filmes que, de algum modo, só existem hoje graças ao moço da maçã:

Luxo Jr.

O primeiro curta-metragem produzido pela Pixar conta a história do pequeno abajur que é a marca da companhia e que vemos toda vez que começa um filme. Não há como não se impressionar com a qualidade do filme, dirigido por John Lesseter em 1986. Os curtas produzidos em seguida, Red’d Dream e Knick Knack, com objetos inanimados que ganham vida, também não impressionam menos.

Toy Story

O primeiro longa-metragem a usar computação gráfica em sua totalidade emocionou crianças do mundo todo ao contar a história de brinquedos que também adquirem vida quando ninguém está olhando. Também dirigido por John Lesseter, o filme teve duas bem-sucedidas continuações.

Geri’s Game

Depois de produzir um longa-metragem animado por computadores, já representando humanos com alguma propriedade, a Pixar lança o curta Geri’s Game, dirigido por Jan Pinkava. O filme do velhinho solitário que joga xadrez na praça tem um roteiro excelente e muitas referências. A qualidade do curta também está presente ao retratar a história de pássaros em For The Birds.

Monstros S/A

Sempre na filosofia de que tudo pode ficar muito melhor do que foi, Monstros S/A, dirigido por Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich, conta a história da invasão do mundo dos monstros por uma das crianças do mundo real e chega aos cinemas depois de drilblar um dos maiores problemas das animações por computador de sua época: o movimento dos calelos. Seu personagem principal, James P. Sullivan era um monstro enorme azul bem peludo. As cenas do exílio na neve são tecnicamente impressionantes, com pelos voando em direções diversas. Aproveitando os personagens, há o divertido curta Mike’s New Car.

Procurando Nemo

Outro filme que também resolveu ignorar os limites foi Procurando Nemo, de Andrew Stanton e Lee Unkrich. Ao ficar pronto, o longa sobre um pai que se une a uma peixinha desmemoriada e sai enfrentando os perigos do oceano para rever o seu filhote recém pescado por um dentista da Austrália, estava tão real que precisou ser modificado para que as pessoas acreditassem que aquele ambiente que viam havia sido criado.

Os Incríveis

Neste ponto todo mundo já sabia do que a Pixar era capaz de fazer e a animação parou de disputar tanto espaço com a história contada, não que as anteriores não fossem ótimas. Aqui a da família de super-heróis aposentados que sem muito espaço no entediante mundo dos meros mortais acaba se envolvendo com um vilão psicótico é dirigida por Brad Bird.

Carros

Em uma companhia comandada por meninos, nada mais justo do que filmes de meninos. Com um roteiro bonitinho, mas que não conseguiu fazer frente aos anteriores, Carros de John Lesseter e Joe Ranft não é unânime, mas agradou muita gente com a história de um carro de corrida que se perde e precisa cumprir pena em um dos abandonados vilarejo da não mais usada Rota 66.

Ratatouille

Depois da compra pela Disney, a Pixar lança Ratatouille, de Brad Bird e Pinkava. O filme conta a história de um ratinho que sonha em ser cozinheiro. Como tenho pavor de ratos e o último lugar que espero que estejam é na cozinha, não é um dos meus favoritos, mas tem uma legião de fãs pelo mundo.

WALL-E

Inovando mais uma vez, WALL-E de Andrew Stanton vai mudar o jeito de fazer cinema para os pequenos. Com uma primeira parte quase sem palavras, a história do pequeno robô coletor de lixo mostrou que, sendo bom, um filme não precisa ser tão movimentado como se achava. Mesmo em tempos de muita informação. Bem dividido e consciente do que precisava ter, o filme muda bastante da segunda parte para o final, mas já tinha muitos pontos para não se manter.

Up – Altas Aventuras

Assim como em WALL-E, o filme tem uma configuração diferente do que conhecemos. Mais mesclado, o longa de Pete Docter e Bob Peterson também mistura momentos e tem um dos prólogos mais lindos dos últimos tempos, onde conta a delicada história de amor entre o rabugento Carl e sua esposa.

Por essas e outras, por mais que essa frase tenha sido repetida nos dois últimos dias e Steve Jobs tenha os seus deslizes, afinal de contas, todo ser humano tem, é impossível não agradecer ao que ele fez pela animação gráfica no cinema. “So long, mr Jobs, and thanks for all the fish!”

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