Crítica | FestivalMostra de Tiradentes

Teobaldo Morto, Romeu Exilado

(Teobaldo Morto, Romeu Exilado, BRA, 2015)

Drama
Direção: Rodrigo de Oliveira
Elenco: Alexandre Cioletti, Rômulo Braga, Sara Antunes, Margareth Galvão, Erik Martincues
Roteiro: Rodrigo de Oliveira
Duração: 118 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Logo no título, Teobaldo Morto, Romeu Exilado faz uma referência a um ícone da literatura universal. Shakespeare, e a sua obra mais conhecida, “Romeu e Julieta“. Está é só uma das muitas referência e associações, calculadas ou não pelo diretor, que estão presentes no filme.

João sai de casa, em uma espécie de exílio imposto pela esposa e se refugia na casa de campo da família. Lá, ao se encontrar com uma figura de seu passado, vai começar uma espécie de reencontro de sua própria história. As diferenças e semelhanças entre esses dois personagens, que ora podem ser considerados como opostos, ora como similares, dão o tom à narrativa do filme.

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O apuro estético pode ser percebido em cada quadro do longa-metragem de Rodrigo de Oliveira (As Horas Vulgares), nas encenações, na exploração do campo cênico e nos belos enquadramentos de Lucas Barbi (Yorimatã), filmados na região de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo.

Entre signos e significados, e mesmo com toda beleza de sua construção, Teobaldo Morto, Romeu Exilado encontra problemas no ritmo exageradamente arrastado, com muitos momentos vazios e na aleatoriedade de algumas de suas situações.

Mas ainda assim consegue sobreviver pela curiosidade. Mesmo cansado, o público segue na tentativa de conclusão de uma história que o intriga. Algo facilitado pelas atuações dos dois atores principais, Alexandre Cioletti como Max, aquele que ressurge da morte, e Rômulo Braga, como João, o que se redescobre.

A persistência é recompensada pelo terço final do filme, quando toda a lentidão e busca assumem um ritmo urgente, sem pausas. A palavra, até então fundamental em longas declamações e embates orais, dá lugar ao físico e ao não falado. Outros signos assumem esse lugar, como a luta física; o nascimento, representado em uma fusão não tão genial assim; a fusão completa dos dois personagens e a nova vida.

Teobaldo Morto, Romeu Exilado é um misto de mitologia, inspirações oníricas, muitas inferências literárias e referências cinematográficas. Tem por trás de si o sempre interessante tema da descoberta pessoal e de reanálise, mas se perde no muito longe que tenta chegar. Um pouco de simplicidade não faria mal.

Poderia ter alcançado um outro patamar, principalmente levando em consideração seu orçamento, muito maior do que o dos filmes com que concorre na Mostra Aurora da 18ª Mostra de Tiradentes, R$ 700 mil. Talvez tenha sido justamente esse o problema.

Um Grande Momento:
A chegada de Max.

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[18ª Mostra de Tiradentes]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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