Nascido e morto na pequena cidade de Sant’Arcangelo di Romagna no norte da Itália, Antonio Guerra foi professor primário e esteve preso em um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Começou a carreira artística escrevendo contos e poesias e iniciou-se no cinema ao conhecer Elio Petri. Juntos escreveram o roteiro de “Homens e Lobos” (1957) para o diretor Giuseppe de Santis.
A partir daí foram mais de 100 filmes escritos, com destaque para a longa e frutífera parceria com Antonioni. Tonino escreveu quase todos os filmes do diretor e contribuiu imensamente para o desenvolvimento do neorrealismo italiano. O resultado foram obras como “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961), “O Eclipse” (1962) e muitas outras.
Com Fellini realizou “Amarcord” (1973), “E La Nave Va” (1983) e “Ginger e Fred” (1986). Da aliança com o cineasta russo Andrei Tarkovsky surgiu um dos filmes mais espirituais do cinema, o belíssimo “Nostalgia” (1983). Outra importante parceria, a partir dos anos 80, foi com o diretor grego Theo Angelopoulos, também falecido recentemente. Juntos realizaram diversos filmes, como “O Passo Suspenso da Cegonha” (1991), “Um Olhar a Cada Dia” (1995) e “A Poeira do Tempo” (2008), seu último trabalho.
Tonino Guerra foi três vezes indicado ao Oscar, com os filmes “Casanova 70” (1965) de Mario Monicelli, “Blow up” (1966) de Antonioni e “Amarcord” (1973) de Fellini. Levou o prêmio no Festival de Cannes com “Viagem à Citera” (1984) de Angelopoulos. Também foi homenageado no Festival de Veneza em 1994 e recebeu a maior distinção honorífica de seu país em 2003, tornando-se um Cavaleiro da Grande Cruz da Ordem do Mérito da República Italiana.
É com justa admiração que o Cenas de Cinema presta uma homenagem a um dos maiores roteiristas de todos os tempos. Tonino Guerra morreu, mas deixou um legado de obras imortais para os amantes da sétima arte, de hoje e sempre.
Tonino Guerra
(1920-2012)