Tonino Guerra (1920-2012)

No último dia 21 de março o cinema perdeu um de seus artistas mais notáveis, o lendário poeta, romancista e roteirista italiano Tonino Guerra, aos 92 anos. Vítima de uma doença não divulgada, Tonino se notabilizou pelas parcerias com importantes cineastas ao longo de cinco décadas de carreira, como Michelangelo Antonioni, Federico Fellini, Vittorio De Sica, irmãos Taviani, Wim Wenders, Andrei Tarkovsky, Theo Angelopoulos, entre outros.

Nascido e morto na pequena cidade de Sant’Arcangelo di Romagna no norte da Itália, Antonio Guerra foi professor primário e esteve preso em um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Começou a carreira artística escrevendo contos e poesias e iniciou-se no cinema ao conhecer Elio Petri. Juntos escreveram o roteiro de “Homens e Lobos” (1957) para o diretor Giuseppe de Santis.

A partir daí foram mais de 100 filmes escritos, com destaque para a longa e frutífera parceria com Antonioni. Tonino escreveu quase todos os filmes do diretor e contribuiu imensamente para o desenvolvimento do neorrealismo italiano. O resultado foram obras como “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961), “O Eclipse” (1962) e muitas outras.

Com Fellini realizou “Amarcord” (1973), “E La Nave Va” (1983) e “Ginger e Fred” (1986). Da aliança com o cineasta russo Andrei Tarkovsky surgiu um dos filmes mais espirituais do cinema, o belíssimo “Nostalgia” (1983). Outra importante parceria, a partir dos anos 80, foi com o diretor grego Theo Angelopoulos, também falecido recentemente. Juntos realizaram diversos filmes, como “O Passo Suspenso da Cegonha” (1991), “Um Olhar a Cada Dia” (1995) e “A Poeira do Tempo” (2008), seu último trabalho.

Tonino Guerra foi três vezes indicado ao Oscar, com os filmes “Casanova 70” (1965) de Mario Monicelli, “Blow up” (1966) de Antonioni e “Amarcord” (1973) de Fellini. Levou o prêmio no Festival de Cannes com “Viagem à Citera” (1984) de Angelopoulos. Também foi homenageado no Festival de Veneza em 1994 e recebeu a maior distinção honorífica de seu país em 2003, tornando-se um Cavaleiro da Grande Cruz da Ordem do Mérito da República Italiana.

É com justa admiração que o Cenas de Cinema presta uma homenagem a um dos maiores roteiristas de todos os tempos. Tonino Guerra morreu, mas deixou um legado de obras imortais para os amantes da sétima arte, de hoje e sempre.

Tonino Guerra
(1920-2012)

Sair da versão mobile