Ficção Científica, Comédia
Criador: Greg Daniels
Temporada: 1-
Elenco: Robbie Amell, Andy Allo, Allegra Edwards, Zainab Johnsone e Kevin Bigley
Duração média: 33 min.
Canal Amazon Prime Video
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Se você tem o privilégio de estar de boa em casa e independentemente de estar em seu sofá, de pijamas e cabelos desarrumados, está trabalhando com todo o pessoal do escritório (e até clientes), visitando familiares, promovendo happy hours com amigos, fazendo cursos e frequentando palestras, provavelmente está sentindo que o tempo parece elástico e o espaço parece ilimitado. Upload da Amazon Prime leva a experiência quarentena/confinamento para um patamar extremo onde é possível incluir na live do dia aquele finado querido. E assim como a vida, que se passa apenas em seu fone de ouvido, nada mais parece sólido.
A série se passa em 2033, com ruas cheias de carros autônomos, coisas sendo feitas por Inteligência Artificial e Realidade Virtual eliminando toda e qualquer fronteira de espaço e tempo. Além dessas tecnologias já estarem bem inseridas no cotidiano das pessoas, existem serviços que tornam possível após a morte ser “carregado” em uma vida virtual (que pode ser paga via cartão de crédito, com vários Adds, claro).
Nathan (Robbie Amell) é um programador de aplicativos que morre em um acidente e é carregado para o ambiente Lake View, super caro, pago pela namorada Ingrid. O relacionamento dos dois (uma viva e um Uploadado) já é um ponto bem interessante, pois extrapola o namoro à distância em seu conceito, mas se apresenta possível e até normal com os subterfúgios tecnológicos. A dependência financeira para se manter existindo é que dá o ponto de conflito no trama para o jovem que não experimenta o termo “descanse em paz”.
A empresa que controla paraíso digital possui uma gama de serviços, um deles é chamado de Anjo, um atendente que realiza desejos para promover mais conforto aos seus clientes em troca de avaliações por meio de estrelas para que possam ganhar graduações no trabalho. É evidente a diferença social entre os eles e os hóspedes. Nora (Andy Allo) é uma deles, ela estabelece uma relação bastante íntima com Nathan, ao ponto de investigar pessoalmente a suspeita dele ter sido assassinado.
Toda esta nova forma de se relacionar com o tempo e o espaço, bem como, com as pessoas neste futuro apresentado pela série mostra a modernidade muito menos sólida que previa Zygmunt Bauman, por exemplo. Isto porque, tanto para os vivos, como para os mortos, (os bem afortunados, como sempre) o consumo dita a “vida” e seu estilo, o deslocamento é tão fácil que permite uma visita (presencial virtual) entre pessoas em qualquer local, e a instabilidade econômica transcende a insegurança no emprego para a insegurança da vida após a morte. Vale a pena conferir este pano de fundo que o futuro abordado na série apresenta, de forma leve e carismática.
Os dias passam muito rápido, cada minuto está preenchido com trabalho, chamadas por vídeo, entretenimentos mil, e muita preocupação de como manter tudo isso e continuar existindo. Confinado ou uploadado, o fato é que tudo isto apresenta um mundo muito mais prático, mas também muito mais cruel, não só para quem sofre esta fluidez frenética atemporal e sem limites, mas principalmente para os que estão sem dinheiro, com espaço mínimo e o tempo limitado e incerto.
O Melhor Episódio:
T01E07 – Bring Your Dad To Work Day