30º Festival Mix Brasil começa hoje

Celebrando “Toda Forma de Existir”, o Festival Mix Brasil, maior evento cultural dedicado à diversidade da América Latina e um dos maiores do mundo, chega a sua 30ª edição ocupando oito espaços culturais de São Paulo. Com uma programação majoritariamente presencial, o evento inova mais uma vez, incluindo em sua programação experiências de realidades estendidas.

De 9 a 20 de novembro, o Festival traz 119 filmes de 35 países e de 12 estados brasileiros, experiências XR vindas da França, Holanda, Taiwan, China e Chile, 6 espetáculos teatrais inéditos, shows musicais, literatura, performances, palestras e workshops sobre temas relevantes para comunidade LGBTQIA+, Show do Gongo, além de homenagear com o prêmio Ícone Mix à artista multimídia Linn da Quebrada.

Cinema

O Panorama Internacional traz títulos, a maioria inéditos no Brasil, de diretores e atores que tiveram suas obras premiadas e selecionadas nas últimas edições dos festivais de Cannes, Berlim, Sundance, San Sebastian, Locarno, Tribeca, Toronto e Frameline. Entre os destaques estão Close de Lukas Dhont, que estará presente no Festival – seu  filme foi o vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes e indicado da Bélgica ao Oscar; Algo Que Você Disse Ontem à Noite de Luis De Filippis, levou o prêmio Sebastiane do Festival de San Sebastian; Túnica Turquesa de Maryam Touzani,  Prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes; Nelly & Nadine de Magnus Gertten, vencedor do Teddy de Melhor Documentário em Berlim, conta a história real de duas mulheres que se conheceram em um campo de concentração; e “Girl Picture”, Prêmio do público em Sundance e indicado da Finlândia ao Oscar 2023.

Fogo-Fátuo, exibido na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes; e Winter Boy, seleção oficial do Festival de Toronto, são os novos filmes do português João Pedro Rodrigues e do francês Christophe Honoré, respectivamente. Na lista dos internacionais ainda estão Sublime de Mariano Biasin, eleito o melhor filme  Latino em San Sebastián; Antes Que Eu Mude de Ideia de Trevor Anderson, melhor atuação para Vaughan Murrae  no Festival de Locarno; Casa Susanna de Sébastien Lifshitz, seleção oficial de Veneza; The Five Devils de Léa Mysius, protagonizado pela atriz francesa Adèle Exarchopoulos (de Azul É a Cor Mais Quente) e seleção oficial do Festival de Cannes;  O Amor de Shariff Nasr, Seleção oficial do Frameline; e Objetos não Identificados de Juan Felipe Zuleta, prêmio do público no Outfest Los Angeles.

Filmes brasileiros no 30º Festival Mix Brasil

Amazonas, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo representam a cinematografia nacional nos oito longas e médias que compõem a Mostra Competitiva. Os títulos concorrendo ao Coelho de Ouro de melhor filme brasileiro são: A Filha do Palhaço de Pedro Diógenes, prêmio melhor atuação no Cine Ceará;  Germino Pétalas no Asfalto  de Coraci Ruiz e Julio Matos, melhor trilha sonora no Festival Guarnicê; Paloma de Marcelo Gomes, melhor longa da Première Brasil no Festival do Rio,  Panteras de Breno Baptista, seleção oficial do Queer Lisboa; Regra 34 de Julia Murat, vencedor do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno; Transe de Anne Pinheiro Guimarães e Carolina Jabor, Três Tigres Tristes de Gustavo Vinagre; e  Uýra – A Retomada da Floresta de Juliana Curi, eleito pelo público como melhor documentário no Frameline.

Já na programação de curtas-metragens, poderão ser assistidos filmes das cinco regiões do Brasil. Na Mostra Competitiva de Curtas, são 14 filmes de  diversos estados, trazendo um retrato dinâmico da viva e efervescente produção brasileira de curta-metragem. Outros trabalhos nacionais e estrangeiros compõem os 12 programas de curtas divididos pelos temas: “Campos de Batalha”, “Comedy Queers”, “Contos da Pérsia”, “Corações Indomáveis”, “Descolonize Minha Corpa”, “Gen Z”, “Lesbianas”, “Pais, Mães e Filhes”, “Pele Selvagem”, “Sweet & Sour” e  “Crescendo com a Diversidade”, este último destinado ao público de todas as idades. Os curtas da Competitiva Brasil estarão disponíveis online no Sesc Digital a partir de 14 de novembro.

A Spcine participa do 30º Festival Mix Brasil promovendo o MixLab SPcine – com mesas, workshop e um bate-papo com o cineasta belga Lukas Dhont – que discute suas ideias sobre o cinema e seu processo criativo em uma conversa com jovens realizadores brasileiros dentro do MixLab Spcine.  Toda a programação será na Biblioteca Mário de Andrade. A parceria com a Spcine também é representada por alguns títulos dos programas Queer.doc e Reframe que serão exibidos dentro da plataforma Spcine Play, de 14 a 23 de novembro.

Experiência XR

Ao completar 30 anos, o MixBrasil inclui na sua programação experiências XR de realidades estendidas. Essas imersões, as primeiras LGBTQIA+ XR já realizadas na América Latina, vêm da França, Holanda, Taiwan, China e Chile e ganham instalações específicas no Festival. Os visitantes vivenciarão experiências que misturam diferentes linguagens e recursos tecnológicos que tratam de temas como parentalidade pós-humana, transhumanismo, prazer feminino e diferentes identidades de gênero.

Entre elas estão “Projeto Flâneur  #Experimento nº1” que conta com ações interativas e imersivas, levando o público a flanar pelo centro da cidade de São Paulo; “Parentalidade Pós-Humana em Realidade Híbrida”, experiência transmídia que convida casais ou solteiros à ‘procriar’ digitalmente em uma clínica pós-humana usando Inteligência Artificial e simulação visual; “Lady Sapiens – The Experience”, uma viagem no corpo de uma mulher caçadora da era paleolítica; “Lips” convida o público a entrar em um corpo feminino para despertar seu desejo, por meio de toques privado e “No Vapor”, em uma sala cheia de neblina, silhuetas de homens, sozinhos, em pares ou em grupos, abandonam-se à exploração de sua sexualidade.

Ainda no campo tecnológico, o evento traz a mostra de NFTs “Encruzilhada Blockchain” – que reúne artistas LGBTQIA+ de práticas distintas no campo das artes: de carnavalescos a artistas olfativos, passando por escultores digitais, cineastas e performers. Suas obras apresentam estados de transição, corpos tornando-se outros, paisagens naufragadas e distorcidas, passando do natural ao artificial, do digital ao analógico.

Teatro no Mix Brasil

Há mais de 20 anos o teatro tem sido uma constante no Festival Mix Brasil.  Este ano seis espetáculos inéditos foram selecionados a partir do edital “Dramática” – valorizando a cena teatral LGBTQIA+ nacional.  São eles: “Útero de Eva” de Sophi Saphirah, no ultrassom, o médico e a mãe pensam que Evaristo é um menino. Ele revela ser Eva; e “Distrito T – Capítulo 1” de Ymoirá Micall, apresenta um recorte sobre um ambiente distópico, também conhecido como lugar nenhum, onde corpos dissidentes confluem ideias.

Completam a seleção as peças “Requiem de Guerra”de Giovana Lago e Don Giovanni, um jovem rapaz tem a delicadeza exorcizada de seu corpo, “Gênero Sapatão” de Natalia Mallo, “Chechênia: um estudo de caso” , parte das inúmeras notícias sobre a violenta política institucional contra homossexuais perpetrada pela Chechênia, “O Sacrifício de Cassamba Becker”,  de João Victor Toledo, sobre uma grande atriz depauperada impecável que finalmente se aposentou e hoje chama de lar o lixão de alguma praia perdida Brasil afora.

As estreias acontecem entre os dias 10 e 15 de novembro no Teatro Sérgio Cardoso e serão disponibilizadas nas plataformas digitais do #Mix e #CulturaEmCasa.

O tradicionalíssimo “Show do Gongo” – em que desapegados realizadores apresentam seus vídeos para o julgamento do público do Mix Brasil, cabendo à fabulosa Marisa Orth traduzir o anseio popular e decidir se os filmes serão gongados ou avaliados pelo júri, volta ao Centro Cultural São Paulo. A plateia mais enlouquecida do Brasil se reúne no dia 16 de novembro a partir das 20h.

Mix Music e Literatura

O Mix Music,  primeiro festival de música voltado para o público LGBTQIA+ no Brasil, traz a cantora Assucena, depois de seis anos à frente da banda As Baías a artista apresenta seu show solo “Minha Voz e Eu”; Animais Obscenos, alia música, artes cênicas e performance, o show é parte integrante do espetáculo “História do Olho – Um conto de fadas pornô-noir”, e O Nascimento de Vênus,  segundo disco ao vivo de Filipe Catto, marcando sua transição de gênero como uma pessoa trans não-binária e trazendo ao público também um filme/espetáculo/documentário.  O evento traz ainda o esperado Mix Music Novos Talentos no Centro Cultural São Paulo com a apresentação sempre divertida de Silvetty Montilla.

O Mix Literário completa cinco anos unindo autores queer de todo o Brasil. Para comemorar, nesta edição haverá um encontro presencial com a grande escritora-violinista Léonor de Récondo. Com curadoria de Alexandre Rabello, a programação tem ainda Workshop de escrita criativa queer, lançamento do livro “Vagas Notícias de Melinha Marchiotti”, de João Silvério Trevisan, além de mesas com a participação de nomes fundamentais do mercado editorial nacional, autores e editores que discutem o lugar da comunidade LGBTQIA+ na produção literária, além de lançamentos editoriais e sarau.

Entre os destaques estão encontros e lançamentos sobre a edição revista e ampliada de “Seis balas num buraco só”, de João Silvério Trevisan, “Palavra de escritora, acadêmica e puta: fricções entre a confissão e a ficção” com a escritora argentina Camila Sosa Villada,  “Cartas, segredos, confissões: a intimidade queer sob lente de aumento” com Stênio Gardel e André Mung, “Como contar para as crianças: a emergência de uma literatura infantil de temática queer” com Raphaela Comisso e Janaína Leslão e  André Romano, além de outros encontros com escritores que a comunidade queer brasileira e internacional tem revelado e sobre  obras que ensinam.

O Mix Talks traz debates sobre Realidade virtual LGBTQIA+, temas atuais e relevantes, como: “Encruzilhada Blockchain – Exu e a produção LGBTQIAP+ de NFTs”, “As Subjetividades como Atos Perfomáticos” e “Feminismo: Protagonismo Feminino na Esfera Digital”.

Com direção de André Fischer, direção executiva de Josi Geller e direção de programação de Cinema de João Federici, o 30º Festival Mix Brasil  ocupa oito  espaços culturais de São Paulo: CineSesc, Espaço Itaú Augusta – Salas 3 e 4, Centro Cultural São Paulo – Salas Lima Barreto e Paulo Emilio, salas do Circuito Spcine, MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Teatro Sérgio Cardoso e Centro Cultural da Diversidade. Mas, o público de outros estados do Brasil não ficará de fora. A partir de 14 de novembro o Festival disponibiliza uma programação gratuita online.

Toda a programação do 30º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade poderá ser conferida no site mixbrasil.org.br

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