(Silent House, EUA/FRA, 2012)
Direção: Chris Kentis, Laura Lau
Elenco: Elizabeth Olsen, Adam Trese, Eric Sheffer Stevens, Julia Taylor Ross, Adam Barnett, Haley Murphy
Roteiro: Gustavo Hernández (filme A Casa), Laura Lau
Duração: 85 min.
Nota: 3
Lançado nos cinemas brasileiros no ano passado, o uruguaio A Casa despertou a curiosidade em vários espectadores. Produzida em 2010, a fita foi dirigida por Gustavo Hernández com poucos recursos. Com orçamento de apenas seis mil dólares, elenco inexperiente e filmado com uma câmera fotográfica Canon 5D, o longa atingiu um feito raro: contou uma história com uma duração de aproximadamente setenta minutos em um único plano-sequência. Embora haja suspeitas de cortes muito bem ocultados, o experimentalismo de Gustavo Hernández chamou a atenção de investidores americanos, que rapidamente providenciaram os direitos do título para a realização de uma refilmagem.
A responsabilidade de dar forma a versão americana ficou a cargo de Chris Kentis e Laura Lau. A escolha parecia adequada, uma vez que a dupla fez em 2003 o intrigante Mar Aberto, o famoso thriller em que um casal em férias no Caribe se encontra esquecido no meio do mar cercado por tubarões. Desta vez, Chris Kentis e Laura Lau pouco oferecem de novo em A Casa Silenciosa.
Na história, Sarah (Elizabeth Olsen, irmã caçula das gêmeas Olsen) retorna à casa em que vivia para ajudar o seu pai John (Adam Trese) em empacotar todos os objetos abandonados pelos cômodos para que assim possam prepará-la para ser vendida. Peter (Eric Sheffer Stevens), irmão de John, está por perto para auxiliá-los no que for preciso.
Se não bastasse a falta de energia elétrica e de telefonia, o ambiente, com todas as janelas bloqueadas com placas de madeira e portas trancadas com grandes cadeados, aparenta estar habitado por uma estranha presença, uma vez que Sarah houve fortes barulhos assim que a noite se aproxima. Assim como no filme original, as suspeitas desta presença se confirmam quando John é encontrado inconsciente e com um grave ferimento na cabeça. Encurralada, Sarah tenta fugir da casa e compreender o que realmente está se passando ali.
Se A Casa tinha uma falha gravíssima na resolução oferecida para o mistério da história, daquelas que fazem o espectador de bobo com uma surpresa nada convincente. A oportunidade de A Casa Silenciosa mostrar a que veio como refilmagem estava justamente em modificar esta resolução, oferecendo uma nova possibilidade para o mistério. Isto acontece, mas o filme é incapaz de reproduzir o mesmo medo experimentado na versão de Gustavo Hernández.
Ainda que também surja com a promessa de vender medo real em tempo real, a decisão de contar a história com um único plano-sequência surte pouco efeito aqui. A mise-en-scène não é minuciosa e o espectador mais atento notará em quais instantes há cortes, o que invalida as pretensões do filme. Outro aspecto que enfraquece a atmosfera pretendida pelos realizadores é a fotografia de Igor Martinovic, que ilumina em demasia cômodos que seriam pouco visíveis apenas com o uso de lanternas e lampiões.
Se há algo em que se iguala em comparação à versão original é a escolha da protagonista. Assim como Florencia Colucci em A Casa, Elizabeth Olsen dá os seus primeiros passos como atriz provando ser dona de um talento singular ao transmitir o desespero que invade a sua personagem ao encarar o desconhecido personificado em um indivíduo em que jamais vemos com clareza. Uma pena que os seus esforços não sejam suficientes para justificar a existência desta refilmagem, que não o fará dormir com a luz acessa.
Um Grande Momento
Escondendo-se debaixo da mesa.
Links
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