(The Dictator, EUA, 2012)
Direção: Larry Charles
Elenco: Sacha Baron Cohen, Anna Faris, Ben Kingsley, Sayed Badreya, Aasif Mandvi, Jessica St. Clair, Anna Katarina, Jason Mantzoukas, Bobby Lee, Kevin Corrigan, Chris Gethard, Megan Fox, John C. Reilly, Edward Norton
Roteiro: Alec Berg, David Mandel, Jeff Schaffer, Sacha Baron Cohen
Duração: 83 min.
Nota: 6
O inglês Sacha Baron Cohen trabalha há um bom tempo como comediante, mas foi notado mundialmente apenas em 2006 com Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América. Borat foi criado na época em que Cohen incorporava Ali G na TV (o personagem também recebeu um longa-metragem, Ali G Indahouse – O Filme, produzido em 2002 e disponível no Brasil) e precisou de uma aventura nos cinemas em estilo mockumentary para encontrar um público mais amplo. O resultado foi um sucesso impressionante e a produção recebeu até uma indicação ao Oscar na categoria de melhor roteiro original, um feito e tanto para uma premiação célebre por seu conservadorismo.
Se há um problema em Sacha Baron Cohen é que ele parece incapaz de produzir algo que supere Borat. Após incorporar um repórter cazaque perdido diante dos costumes dos americanos e depois de ter passado do ponto em Brüno como um fashionista australiano homossexual que tenta se reinventar em Los Angeles, o ator até se esforça para se manter no topo com O Ditador.
No filme ele é Aladeen, o ditador de Wadiya, uma fictícia república ao norte da África. Trata-se de uma figura absurda, que passa o tempo exigindo a execução de seus subalternos; dormindo, após oferecer cachês irrecusáveis, com celebridades de Hollywood como Megan Fox e até mesmo improvisando os seus próprios Jogos Olímpicos.
O número de ações inacreditáveis não para por aí. Aladeen é um homem que abomina a democracia. Acredita ser a pessoa mais poderosa no mundo e que todas as pessoas de seu país devem cair diante dos seus pés. Porém, este cenário está para mudar quando ele é convocado para comparecer à sede da Organização das Nações Unidas para assinar um documento que consolide a democracia em Wadiya. O ditador acha o acordo absurdo e planeja rasgar o documento na frente de todos como gesto de recusa, mas Tamir (Ben Kingsley), seu tio e braço direito, tem um plano que consiste em fazer com que Aladeen seja eliminado por Clayton (participação especial de John C. Reilly) e substituído por um sósia panaca.
As coisas dão parcialmente certas: o tirano não é assassinado, mas ninguém o reconhece sem a enorme barba que o tornava tão icônico. Obstinado em não perder o poder, Aladeen conta com o apoio de Zoey (Anna Faris), ativista e dona de um mercadinho com produtos naturais que desconhece a sua verdadeira identidade, e Nadal (Jason Mantzoukas), cientista que conseguiu se livrar da morte após ter sua execução determinada por causa de um míssil antibalístico.
Ignore o formalismo com que a premissa de O Ditador é contada, pois qualquer um que tenha assistido a Borat ou Brüno sabe que “politicamente correto” não é um termo conhecido por Sacha Baron Cohen e muito menos por Larry Charles, o nova-iorquino que dirigiu os três filmes e é também um dos principais nomes responsáveis pelo seriado “Segura a Onda”, produção da HBO que mostra as confusões embaraçosas protagonizadas por Larry David, o criador do fenômeno televisivo Seinfeld.
Sacha Baron Cohen e Larry Charles aparentemente não têm limites e isto se reflete no modo como é desenvolvida a história, cheia de referências aos ataques terroristas do 11 de setembro, à recente captura do fundador da al-Queada Osama bin Laden, à criação de armas de destruição em massa, à sedução por dinheiro e poder e, claro, aos costumes da sociedade americana. Sem dizer que o filme é uma homenagem à memória do ditador norte-coreano Kim Jong-il, como entrega o letreiro na introdução.
O que não permite que O Ditador atinja o patamar de Borat está no formato em que a história é encaixada. O estilo mockumentary foi abandonado e agora temos um filme com estrutura convencional, em que início, meio e fim são determinantes. Os fãs da dupla também notarão que, apesar do número de piadas perigosas, o resultado parece mais brando que o habitual. Há piadas de humor físico que não funcionam (a exemplo da mulher com seios bem fartos também contratada para eliminar Aladeen) e improvisaram até mesmo um espaço para adicionar uma história romântica. De qualquer maneira, vendo a escassez de boas comédias que fazem humor com inteligência no circuito, vale a pena conferir.
Um Grande Momento
– Quem é você? O melhor amigo do Osama Bin Laden?
– Não, ele não é o meu melhor amigo, apesar de ser meu hóspede desde que mataram o sósia no ano passado.
Links
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=r5Cx4iR0Fpk[/youtube]