(The Deep Blue Sea, GBR/EUA, 2011)
Direção: Terence Davies
Elenco: Rachel Weisz, Tom Hiddleston, Simon Russell Beale, Harry Hadden-Paton, Ann Mitchell, Barbara Jefford, Ann Mitchell, Jolyon Coy, Karl Johnson, Sarah Kants, Oliver Ford Davies
Roteiro: Terence Rattigan (peça), Terence Davies
Duração: 98 min.
Nota: 7
A cada escolha, uma renúncia, já diz o ditado. Em uma Londres sobre escombros da Segunda Guerra Mundial, uma mulher luta para manter vivo o relacionamento com um ex-piloto da Força Aérea Real – RAF, que a fez deixar para trás a vida segura e confortável que tinha ao lado de um juiz da Corte Britânica. Porém, o amor e a paixão não fazem parte de uma equação matemática, na qual o resultado final é sempre exato. Algumas vezes é preciso pagar o preço desta imprecisão.
Esta é a situação de Hester Collyer, uma mulher que vivia um casamento estável, baseado no respeito e carinho que nutria pelo marido. Ao conhecer Freddie Page, ela mergulha de corpo e alma em um relacionamento extraconjugal e vive uma paixão avassaladora que se transforma em relação autodestrutiva.
Amor Profundo é um filme que não mantém a linearidade dos fatos. Usado para pontuar as lembranças de Hester, o flashback é um recurso bem explorado na história, que começa com a tentativa de suicídio da protagonista. A carta de despedida endereçada ao amante já faz ter ideia do que se passa internamente com ela, mas as situações que a levaram a chegar neste estágio vão sendo conhecidas aos poucos, como peças de um quebra-cabeça que encaixamos em cada cena.
Adaptação da peça de Terence Rattigan e dirigido por Terence Davies, Amor Profundo prima pelas atuações, principalmente as de Rachel Weisz e Tom Hiddleston. Weisz faz um trabalho primoroso ao viver uma mulher que infringiu as convenções sociais da época para bancar a sua paixão e que luta até o fim para levar esta escolha adiante, mesmo diante do desgaste que o relacionamento com Page enfrenta ao longo do tempo. É uma interpretação sutil e carregada de emoção. O rosto iluminado ao ver o homem amado, a impaciência ao conversar com a sogra, o olhar distante enquanto fuma e pensa no passado, os momentos de desespero, de resignação. Tudo na medida certa.
Tom Hiddleston também cumpre com méritos o seu papel. Page é um homem sedutor, o objeto do amor de Hester, mas que não parece amá-la na mesma proporção. Ele tenta manter uma postura positiva diante da vida, mas sem saber exatamente o que fazer no presente, parecendo estar preso ao passado de piloto e sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, que, para ele, foi uma aventura e um ato de bravura.
Destaque também para a fotografia e trilha sonora do filme que são elementos fundamentais na construção do clima melancólico da história.
Amor Profundo foge do melodrama. É um filme sem excessos, com belos momentos, mas que peca pelo início arrastado e pela falta de arrebatamento em algumas situações. De qualquer forma, é um retrato interessante da nossa impotência diante do esvaziamento das relações.
Um Grande Momento:
Dentro do metrô.
Links
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