Fantasia
Direção: Tim Burton
Elenco: Asa Butterfield, Eva Green, Samuel L. Jackson, Judi Dench, Rupert Everett, Allison Janney, Chris O’Dowd, Terence Stamp, Ella Purnell, Finlay MacMillan
Roteiro: Ransom Riggs (romance), Jane Goldman
Duração: 127 min.
Nota: 7
Eis a história de um orfanato, onde “seres” excêntricos ficam separados da sociedade. Nas mãos do diretor Tim Burton, a adaptação do romance “O Orfanato da Sra. Peregrine para Crianças Peculiares”, de Ransom Riggs, ganha o habitual excesso de cores e efeitos visuais típicos da obra do diretor, além de um ritmo de aventura que prevalece ao terror.
Mantendo a tradição da semelhança, a trama, por si só, tem muitos elementos dos filmes que o diretor realizou. Trata-se da saga de Jacob (Asa Butterfield), um garoto tímido e muito apegado ao avô Abe (Terence Stamp), que sofre de demência. A forte relação entre os dois é construída na lacuna deixada pelo pai de Jacob que, distante de todos, não demonstra qualquer interesse nem por seu pai e tão pouco por seu filho.
Desde a infância de Jacob, seu avô conta histórias extraordinárias sobre pessoas com “poderes” ou características bem diferentes do normal. A senhora Peregrine, que pode se transformar num pássaro; Emma, uma garota mais leve que o ar; o garoto invisível, ou a garotinha com a força de vários homens. Porém, no mundo fantástico descrito por Abe, existe o lado sombrio, formado por criaturas que querem o poder dessas crianças.
O grande problema dessas histórias, é que, talvez, elas não sejam apenas histórias, e isso Jacob descobrirá da pior maneira. Após encontrar seu avô brutalmente assassinado, Jacob ouve suas últimas palavras, se referindo a uma ilha e um orfanato, único lugar onde o neto poderá estar a salvo. É na fuga, e no encontro com descobertas e respostas, que tem início a saga.
A partir de então, outros personagens são apresentados e, com eles, os grandes nomes do elenco. Eva Green é a Senhora Peregrine e Judi Dench, num papel menor, a Senhora Avocet. Samuel L Jackson, o vilão Barron, é quem, entre todos, consegue desempenhar a melhor atuação. Enquanto a personagem de Eva Green é importante para a história mas fica lamentavelmente em segundo plano, Jackson realiza com sucesso os momentos de maior tensão e humor no longa.
Porém, o protagonismo do filme é do jovem ator Asa Butterfield, o Hugo Cabret de Martin Scorsese. Embora não haja nenhum problema em sua atuação, a força de seu personagem parece diluída entre outros.
O diretor repete em O Lar das Crianças Peculiares, todas as ferramentas já conhecidas em seus trabalhos. O diálogo do cômico com o macabro, cores saturadas, muitos efeitos visuais e figurino e maquiagem sempre impecáveis. Contudo, o longa parece mais próximo de Sombras da Noite, Alice no País das Maravilhas ou A Fantástica Fábrica de Chocolate, e mais distante, não apenas pelo tempo, mas também pela inventividade, de filmes como: Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas, Ed Wood e o peculiar Edward Mãos de Tesoura.
Como entretenimento, O Lar das Crianças Peculiares está repleto de pontos interessantes, aventura, suspense e personagens intrigantes. O ponto forte do longa é manter uma história recheada de detalhes, fendas no tempo, fatos históricos, realidades paralelas, num ritmo acelerado. Intenso, mas não apressado.
Um Grande Momento:
Jacob e as fendas do tempo.
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