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Preservar é preciso

Macunaíma
Macunaíma, restaurado pela Filmes do Serro

Tão importante quanto produzir novos filmes, recuperar e arquivar os antigos também é de igual valia, a fim de permitir ao público interessado o acesso à nossa memória cinematográfica. Rafael de Luna, atuante na área de preservação audiovisual e história do cinema brasileiro, defende esta importância, e diz que “a preservação não é uma ação que acaba, que se encerra. Nenhum filme jamais ‘foi’ preservado, mas ele pode ‘estar sendo’ preservado. Isso requer ações contínuas e permanentes para garantir a manutenção do estado dos materiais e sua permanente acessibilidade”.

O trabalho de preservação de filmes além de caro é trabalhoso. A boa notícia para os cinéfilos é que há muitas pessoas e instituições ainda interessadas em manter viva nossa história audiovisual, como Patricia Civelli, Myrna Brandão (do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro), os familiares de Glauber Rocha (com o projeto Tempo Glauber, que recuperou os títulos Barravento (1961), Terra em Transe (1967), O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969) e A Idade da Terra (1980)); o projeto Filmes do Serro, com a obra de Joaquim Pedro de Andrade e Alice Gonzaga, que com seus trabalhos à frente da Cinédia tem feito grande diferença ao quadro trágico em que se encontra boa parte de nossos filmes.

Dando continuidade ao trabalho que seu pai, Adhemar Gonzaga, iniciou em 1930, Alice vem recuperando boa parte do acervo dos tempos de estúdio da Cinédia, além de finalizar, em dezembro de 2009 – pelo Instituto para Preservação da Memória do Cinema Brasileiro (IPMCB) – a recuperação de 5 filmes do cineasta Moacyr Fenelon na fase final de sua carreira (de 1948 a 1951): Obrigado Doutor, Estou Aí?, Poeira de Estrelas, Dominó Negro e A Inconveniência de Ser Esposa.

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Alice Gonzaga
Alice Gonzaga

Por este seu trabalho de resgate, Alice será merecidamente homenageada este ano pela Academia Brasileira de Cinema. Para o Cenas de Cinema, a produtora e empresária do ramo cinematográfico confessou que sentiu “mais necessidade ainda de ajudar a valorizar os artistas, tanto os conhecidos quanto os esquecidos” e completou que “os jovens espectadores precisam conhecer nosso passado fílmico e artístico. São registros de nossa cultura e parte do nosso patrimônio histórico”.

Resgatar e preservar a memória da cultura brasileira, mais precisamente do cinema, é possibilitar às futuras gerações o acesso a todas estas obras. Os investimentos neste sentido se fazem, portanto, necessários. Mas, segundo Alice, “os recursos ainda são insuficientes. Nossos filmes precisam ser duplicados constantemente a fim de evitar a perda e garantir a manutenção dos mesmos”. E ela nos deixa um recado precioso: “os profissionais do meio audiovisual e cultural, inclusive diversos setores da administração pública, têm uma grande responsabilidade social. Os recursos negados a instituições e empresas que preservam acervos cinematográficos, sob o argumento de uma reduzida verba de produção, comprometem a própria existência futura destas produtoras, pois pode não haver mais o que pesquisar e usar nas cinematecas do século XXI”.

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