Crítica | Streaming e VoD

O Clube de Leitores Assassinos

Pelo direito de copiar

(El club de los lectores criminales, ESP, 2023)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Carlos Alonso Ojea
  • Roteiro: Carlos García Miranda
  • Elenco: Veki Velilla, Álvaro Mel, Priscilla Delgado, Iván Pellicer, Hamza Zaidi, María Cerezuela, Ane Rot, Carlos Alcaide, Daniel Grao
  • Duração: 85 minutos

Já conseguimos hoje afirmar que a Netflix, assim como qualquer outra produtora de cinema (e estamos falando de uma que lança, hoje, uma média de 15 títulos inéditos por mês), têm em grande parte desse material uma “inspiração” em inúmeros outras produções lançadas ao longo da História. Porquê, então, o espectador que está acostumado a consumir muitas “repetições” contínuas vindas da Marvel, do George Lucas, do Hong Sang-Soo, de gêneros ilimitados, reclama tanto do material apresentado pelo streaming? Toda essa apresentação é uma introdução ao novo sucesso deles, O Clube de Leitores Assassinos, uma produção espanhola que não se furta em beber na fonte de outros filmes de ‘serial killer’ com foco na juventude, a partir de Pânico

Se você não se importar com o tanto de possibilidades de tais ingerências em uma trama que não se propõe a imprimir originalidade, O Clube de Leitores Assassinos funciona sim, e com até um certo grau de sofisticação. Não tem como medir tal requinte através apenas de sua construção narrativa a partir do roteiro, mas quando centramos o olhar na vibração da imagem, do que é captado pelo olhar do espectador diante daquele material, aí o que está em discussão ganha em calor. Isso é comprovado pela forma como nos envolvemos com tais elementos, que não estão necessariamente ligados ao que compramos diante dos personagens ou de uma novidade da trama, mas do que o filme apresenta exclusivamente no que foi captado, em suas luzes e cores. 

Esse é o primeiro longa solo do diretor Carlos Alonso Ojea, muito jovem e provavelmente filho de referências e produções como todos nós, dos últimos 30 anos. As obras de Wes Craven, e títulos como Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado são a inspiração aqui, que consegue ter personalidade imagética para evoluir com o roteiro de Carlos García Miranda. Não é algo absolutamente original, mas observando os detalhes apresentados aqui, vemos que reside uma evolução estética no que essas produções apresentavam. Além disso, o comportamento dos jovens evoluiu junto com o nosso tempo, e com isso O Clube de Leitores Assassinos também se comunica com o espectador de uma maneira respeitosa com o gênero, mas principalmente com o que somos hoje. 

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O filme cria um personagem que é bonito esteticamente, que é o palhaço assassino que aterroriza o grupo de protagonistas. A mitificação em torno da figura não é das melhores, porque, mais uma vez, o filme se comunica demais com produtos do passado e não tem muitas complexidades que o tornem novo. Isso tem a ver com o desenrolar da narrativa, com a forma como apresenta os personagens e com o valor de seu roteiro, que se desenrola de uma maneira esperada, e desemboca num desfecho que já vimos antes. Como dito acima, é preciso liberar a percepção de um foco extremo no roteiro e se conectar ao que Ojea libera de construção de planos, e levar sua imaginação ao que é a imagem de O Clube de Leitores Assassinos.

Os crimes cometidos na produção são bem reproduzidos, e sabendo que estamos diante de um projeto que trilha caminhos que outros já trilharam, o espectador tenta adivinhar quais passos serão os próximos a serem capitulados. Algumas vezes iremos acertar e outras errar, mas não importa o que o filme comprova a partir dessas piadas não-intencionais, creio. Se o foco passar ao largo do que está sendo contado e sim da qualidade com o que está em cena, O Clube de Leitores Assassinos cresce. É pouco para definir a qualidade de algo? Não seria o cinema a arte da imagem? Se o pensamento for exclusivamente esse, e não for também esperado algo ‘oscarizável’ nessa questão, o resultado da sessão pode crescer até mais do que o esperado. É um pastel requentado, sabemos disso, mas tem sabor diferenciado dentro dele. 

Um grande momento

A última morte

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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