O Dobra completa dez anos em 2025 e marca a data com uma edição dedicada exclusivamente às produções brasileiras. De 3 a 7 de dezembro, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro recebe uma programação que reúne 74 filmes realizados desde o final do século XIX até o presente, além de debates, oficina e performance. A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h, no dia de cada sessão, na bilheteria física ou no site do CCBB.
Criado como um encontro entre realizadores interessados em formas não hegemônicas de criação audiovisual, o Festival consolidou-se como espaço de circulação do cinema experimental em várias frentes. Em sua décima edição, os curadores Cristiana Miranda e Lucas Murari convidaram oito curadores para compor programas que evidenciam diferentes caminhos do experimental brasileiro, reunindo filmes, pesquisas, processos e abordagens variadas.
A seleção inclui obras de diversas épocas e contextos. Entre os títulos estão Pátio (1959), de Glauber Rocha, Marca Registrada (1975), de Leticia Parente, Prelúdio de Uma Morte Anunciada (1991), de Rafael França, A Mão do Povo (1975), de Lygia Pape, Erosão (2014), de Victor Galvão, e o recente Mar de Dentro (2025), de Lia Letícia, vencedor de Melhor Curta e Melhor Direção no Festival de Brasília deste ano.
Cristiana Miranda lembra que a primeira edição nasceu de uma necessidade de reunir esse tipo de produção. “Naquela ocasião, o público ou os artistas cariocas interessados nesse cinema precisavam encontrar formas de viajar pelo mundo ou criar seus próprios programas em encontros e cineclubes. Sabíamos que era necessário criar um espaço para celebrar essa produção, que crescia em urgência com as novas tecnologias e os desafios do mundo contemporâneo”, afirma.
A curadoria coletiva foi estruturada “como uma estrela de nove pontas”, explica Cristiana. O programa de abertura dá início a um conjunto de oito programas curatoriais. Liciane Mamede reúne filmes que abordam memória, ancestralidade e estratégias de resistência relacionadas ao experimental feito por mulheres. Carlos Adriano propõe um percurso pelo uso de materiais de arquivo em procedimentos variados. Sávio Leite destaca relações entre corpo e tecnologia. Kátia Maciel organiza filmes que exploram a forma do mar. Ж apresenta uma cartografia de pensamento ecológico e reparação. yann beauvais reúne representações de gays, lésbicas e pessoas trans no experimental brasileiro desde os anos 70. Tetsuya Maruyama seleciona trabalhos em 16mm feitos à mão, projetados em seus formatos originais. Janaína Oliveira apresenta um programa dedicado ao cinema negro em diálogo com o campo experimental.
A sessão de abertura acontece na quarta, 3 de dezembro, às 18h, com sete filmes que tratam diferentes modos de filmar o Rio de Janeiro. Segundo Lucas Murari, o conjunto apresenta múltiplos olhares sobre a cidade, suas dinâmicas e seus territórios.
As atividades paralelas incluem a oficina Filme sem filme, conduzida por Tetsuya Maruyama, na sexta e no sábado, às 10h. As inscrições devem ser feitas por e-mail, com nome completo, telefone e breve descrição do interesse. Maruyama define a proposta como uma reflexão sobre distintas concepções de filme e suas materialidades. No sábado, às 19h30, ocorre a performance de cinema expandido Os passos semeiam o caminho, com Cristiana Miranda e Igorland.
As mesas de conversa reúnem curadores, pesquisadores e realizadores no dia da abertura, no sábado e no domingo, encerrando a programação. Todas as sessões contam com debates após as exibições.
Confira a programação completa no site do CCBB RJ


