Terror
Direção: Filipe Gontijo
Elenco: Poliana Pieratti, Carlos Henrique, André Deca e o Porco (Dadinho, porco-ator)
Roteiro: Filipe Gontijo
Duração: de 5 a 40 min.
Minha nota: 8/10
Quando soube que existia um filme interativo, não parei de pensar “como assim?”. A primeira sessão aconteceu no Festival de Brasília e longe do cine Brasília, onde acompanharia a Mostra Competitiva 35mm, então não pude assistir.
Esta semana recebi um e-mail do Francisco Russo, do Adoro Cinema, falando de quatro exibições na quinta e na sexta-feira. Desta vez não podia perder, então me programei para conferir a última sessão, na sexta às 21h.
Com uma proposta totalmente inovadora, o filme é completamente interativo. Além de ter onze possibilidades de final, pode ter 30 momentos em que o espectador participa tomando decisões sobre o andamento da história. O resultado varia de acordo com as escolhas e faz com que o filme possa ter de cinco a 40 minutos de duração.
Super curiosa, ao chegar na fila resolvi puxar assunto com o casal da frente. Eles estavam indo para a terceira sessão e queriam ver um final diferente do que viram nas duas outras vezes. Segundo eles, muitas escolhas do público não foram as mesmas. “Na primeira, tinham mais homens e as escolhas foram mais arriscadas. Na segunda, com mais mulheres, as opções foram mais boazinhas”, disseram.
Claro que depois de receber o seu controle pela primeira vez, você já entra na sala excitado e doido para saber o que vai acontecer. Depois de uma rápida apresentação e de testes para ver como funciona o sistema de votação, a sessão começa.
O filme-jogo conta a história de um casal que vai passar uns dias em uma fazenda e conhece uma gruta perto da propriedade. Quem os leva até o local é um estranho caseiro e lá os dois encontram um porquinho. Depois da visita, muitas coisas estranhas começam a acontecer.
Na minha sessão, a maioria tomou algumas decisões que fizeram o filme acabar em cinco minutos. Com uma segunda chance, a coisa foi mais longe e toda a experiência foi muito divertida e diferente de tudo que eu já havia passado no cinema.
A idéia, genial, foi tirada dos antigos livros-jogos da década de 80, onde a história caminhava do jeito que o leitor escolhesse, pulando páginas ou não. No cinema, muito mais interessante, você poder conduzir o filme como quiser. A platéia se envolve tanto que não são raros os gritos para unificar a decisão final. Ver as coisas acontecendo depois de ter escolhido por isso é ótimo e funciona muito bem.
O filme, como cinema, é muito interessante, mas tem alguns probleminhas de montagem. Sei que é difícil analisar isso num filme interativo, mas acho que uma seqüência básica tem que existir para todos as escolhas.
Outro problema, mas bem mais grave, é o som. Segundo a produção, este será sanado em breve.
A fotografia é bem interessante e criativa, assim como a trilha sonora sufocante.
Os atores principais não comprometem, mas André Deca, ao compor seu personagem, adotou um jeito de falar que prejudica muito o entendimento e, sem o apuro do som, muitas palavras ficam completamente ininteligíveis.
Mas o resultado final é muito mais do que isso. O filme, independente de suas pausas, consegue criar um clima tenso e atiça a curiosidade dos espectadores. Talvez a coisa ficaria ainda mais sinistra se nos momentos de escolha uma música bem sombria fosse escolhida.
Depois da exibição, soube que uma das idéias com essas sessões era saber qual a opinião do público. Ao sair da sala, recebemos um questionário e as resposta de sessões anteriores já foram responsáveis por alguns ajustes.
É daquelas experiências que todo mundo tem que ter. Infelizmente não existem outras sessões agendadas. Segundo a produção, já existe uma negociação para que aconteçam novas exibições em Brasília e a idéia de ir para outras salas da Caixa Econômica em outros estados. Em breve o filme também será lançado em dvd.
Filipe Gontijo pode investir em sua idéia, pois terá público garantido.
Imperdível!
Um Grande Momento
Em qual versão? Na minha foi a fuga.
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