- Gênero: Comédia romântica
- Direção: Mark Waters
- Roteiro: Robin Bernheim
- Elenco: Brooke Shields, Benjamin Bratt, Miranda Cosgrove, Sean Teale, Rachael Harris, Chad Michael Murray, Wilson Cruz, Michael McDonald, Tasneem Roc, Dalip Sondhi
- Duração: 85 minutos
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Mark Waters é um cara muito legal, que dirigiu alguns títulos icônicos para o mundo pop, como Meninas Malvadas e o remake de Sexta-Feira Muito Louca. Mas ele assinou com a Netflix e com isso seu último filme tinha sido Ele é Demais, um outro remake bastante dispensável. Agora, a Netflix lança A Mãe da Noiva, filme produzido para marketear a ilha de Phuket, na Tailândia, a mesma paradisíaca onde A Praia, filme que Danny Boyle rodou há 25 anos com Leonardo DiCaprio. Só que, vejam o ponto onde Waters chegou: com toda certeza contratado para realizar esse imenso comercial turístico, nem isso ele consegue fazer bem. A ilha é facilmente reconhecível, mas a beleza vista no filme de 2000 passa longe daqui, e o motivo disso é a falta de empenho do diretor em tornar a experiência mais próxima a extravagância de sensações que o visual deveria provocar.
Para quem não viu o filme com DiCaprio então, fica difícil saber o que seus personagens aqui observam de tão bonito, porque nada disso é traduzido em imagens. Como A Mãe da Noiva se passa 98% no lugar, o elenco foi todo levado para o país, e muitas passagens nem sequer detalham sua região e geografia, fica complexo de entender se os “patrões” da produção ficaram satisfeitos. Se eu tivesse que palpitar, diria que não e ainda cortaram relações com o streaming, que além de não divulgar a contento o paraíso filmado, ainda entregou um filme bem ordinário. No fim das contas, o grande atrativo da produção passa longe das belezas geográficas, e se concentra inteiro na possibilidade de promover o encontro do público com Brooke Shields.
Só que esse é outro problema. Para o público com mais de 40 anos, se interessar por A Mãe da Noiva é fácil, já que nós crescemos assistindo A Lagoa Azul repetidas vezes na ‘Sessão da Tarde’, e criamos uma conexão com Shields que o cinema nunca retroalimentou a contento. O público que procura uma comédia romântica na Netflix, no entanto, não está nem aí para a estrela adolescente do início dos anos 80, hoje ainda lindíssima, mas que não passa de uma desconhecida para grande parte do espectador médio. Dito isso, reencontrar Shields é mesmo ter a sensação de que a estrela nunca foi valorizada pelo cinema, e que não precisávamos ter ficado tanto tempo longe dela. Sua presença ilumina um filme quase sempre mantido em fogo bem baixo.
Na verdade, há bem pouco tempo tivemos um sucesso com Julia Roberts e George Clooney que prometeu e cumpriu caminhos bem parecidos com os vistos aqui, Ingresso para o Paraíso. Um título que era sobrecarregado pelo carisma de seus protagonistas, mas não fazia disso uma única opção. A Mãe da Noiva praticamente só vive disso, em nos conectar a Shields e Benjamin Bratt – vejam só, um namorado de Roberts nos anos 90. A roteirista Robin Bernheim tem, como ponto alto anterior da carreira, A Princesa e o Plebeu em versão atualizada, e sua muitas continuações. O resultado da inexperiência se vê na tela, com o constrangimento coletivo pelo qual o elenco precisa passar ao declarar os diálogos inverossímeis e situações surreais e sem sentido; um estilista famoso obrigaria a mãe de uma noiva a vestir preto num casamento na praia?
Mesmo com o esforço coletivo de todos os atores, A Mãe da Noiva sequer tenta deixar de ser uma diversão rasa que não chega a lugar nenhum. Vendido, o elenco faz o trabalho sozinho em um set, e entrega o melhor que poderia apresentar. Waters parece cansado demais para brigar contra um cheque endereçado para ele, e que acaba nos apresentando a uma faceta burocrática que ele ainda não tinha apresentado. Em um campo cheio de possibilidades a mostrar, e tendo os anos de experiência a mostrar que ela já se saiu muito superior em outros momentos de clichês. Apesar da falta de comprometimento do filme (com o diretor como capitão da empreitada), o espectador segue na frente da TV de cara quanto ao que é exibido. Perto do que é entregue, o cinéfilo ainda magicamente se interessar pelo que está sendo contado é uma mágica e tanto.
Um grande momento
Jogo de quadra