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Caça-Fantasmas

(Ghostbusters, EUA, 2016)
Comédia
Direção: Paul Feig
Elenco: Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Kate McKinnon, Leslie Jones, Chris Hemsworth, Ed Begley Jr., Zach Woods, Andy Garcia, Cecily Strong, Neil Casey, Bill Murray, Annie Potts, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Sigourney Weaver, Ozzy Osbourne
Roteiro: Katie Dippold, Paul Feig
Duração: 116 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Que Paul Feig (A Espiã que Sabia de Menos) chegou para revolucionar a comédia em Hollywood, já não é novidade para ninguém. Em um gênero cheio de mesmice e insignificância, ele conseguiu fazer rir sem ser vazio. Com textos mais elaborados, construiu com o humor uma nova maneira de encarar preconceitos, enxergar e debatê-los. E isso é, sem dúvida, muita coisa.

Em sua última cruzada, Feig foi ainda mais ousado. Seu filme não seria só um título protagonizado por mulheres, seria a refilmagem de Caça-Fantasmas, clássico querido por muitos, trocando os protagonistas masculinos por protagonistas mulheres.

O chororô da parte machista do público começou ainda na pré-produção do longa e, assim que as primeiras críticas positivas foram publicadas, um movimento teve início na internet para desacreditar o filme. Na terça-feira, dois dias antes da estreia, com mais de 8 mil votos, a nota do filme IMDB era 3.8, enquanto no Metacritcs, o filme estava com 6 (com 25 críticas) e, no Rotten Tomatoes, com 78% (com 90 críticas).

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O bom tino de Feig para comédias – que além de dirigir, assina o roteiro juntamente com Kate Dippold (As Bem-Armadas) – chegou para deixar os indignados ainda mais indignados. Some-se a isso as interpretações sempre inspiradas de Kristen Wiig (Missão Madrinha de Casamento) e Melissa McCarthy (Um Santo Vizinho), aqui muito bem acompanhadas de Kate McKinnon (Irmãs) e Leslie Jones (No Auge da Fama). Cada uma com sua particularidade e o seu jeito de fazer humor.

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Muito do filme está na química e no timing do quarteto. Se no original Bill Murray dominava o ambiente, aqui ele é equilibradamente dividido entre as quatro novas caçadoras de fantasmas. Para completar o elenco, Feig ainda deixa aquele papel típico ocupado pelas mulheres no cinema, o de secretária, para o bonitão Chris Hemsworth (Vingadores). Mesmo ao lado de grandes nomes da comédia, ele não faz feio como o tapado atendente.

O filme segue o mesmo arco dramático do longa de 1984 e tenta manter todas as qualidades do original. Um dos grandes acertos da dupla Feig e Dippold está justamente nesse respeito pelo antecessor. Não há pretensão de superar ou mesmo atualizá-lo. O que se vê é uma espécie de homenagem, muitas vezes lembrada nas várias referências do roteiro.

Aliás, embora Harold Ramis (Feitiço do Tempo), outro bom nome da comédia, diga-se de passagem, e Dan Aykroyd (Os Irmãos Cara de Pau) tenham acertado bastante no roteiro do original, a dupla atual parece ter mais equilíbrio para levar a história. Ainda que se embole no início do terceiro ato, o ritmo é mais contínuo e, por isso, mais envolvente.

Tecnicamente, o filme também não faz feio. Com um 3D interessante, embora desnecessário, o filme aposta pesado nos efeitos visuais e tem cenas bem legais, como a da parada de fantasmas ou o ataque dos balões. O som também recebe uma atenção especial, o que faz diferença no resultado final.

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Para completar, mantendo a tradição de Feig, o novo Caça-Fantasmas vai buscar no adorado filme de 1984 um ótimo ambiente para falar de coisas que a sociedade insiste em não prestar atenção ou simplesmente prefere ignorar, isso quando não resolve combater. Pode até ser considerado um pouco panfletário, mas nada que não seja necessário, como comprova a péssima reação ao filme antes do lançamento.

É com respeito à obra-inspiração, um melhor andamento e esse jeito novo de fazer humor, que o longa-metragem cumpre muito bem o papel que se esperava dele. É uma comédia divertida, cheia de piadas espirituosas, muitas referências cinéfilas – você vai rir de uma citação a um clássico de Spielberg por muito tempo – e que conta, além do saudosismo, com uma leveza e alto-astral que parecem andar distantes do cinema ultimamente.

Caça-Fantasmas até tem seus problemas, mas tem tudo para ser um sucesso. Por mais que queiram odiar e falar mal, e por mais que não aceitem mulheres fazendo o papel dos protagonistas do passado – que, não por acaso, com exceção de Ramis, falecido há dois anos, estão todos presentes no longa.

Não é nada que vai marcar a vida de alguém para sempre, ou não sair da cabeça, mas que vai divertir durante aquelas quase duas horas, isso vai.

Um Grande Momento:
Mergulho do palco.

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Links

IMDb
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Eix2zQd48Iw[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
1 Comentário
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Sergio Roberto
Sergio Roberto
15/05/2017 16:05

‘Nota 7’ KKKKKKKKKKKKKKKKK

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