O cinema brasileiro será o grande destaque do Tokyo International Film Festival (TIFF) neste ano. Entre os dias 28 de outubro e 2 de novembro, o National Film Archive of Japan (NFAJ) recebe a mostra Classics: Brazil Film Week, uma seleção que celebra a força, a diversidade e o valor histórico da cinematografia nacional. A iniciativa faz parte das comemorações dos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão e é organizada pela Linhas Produções Culturais, em parceria com o TIFF, a NFAJ, a Embaixada do Brasil em Tóquio e o Instituto Guimarães Rosa.
A programação reúne seis filmes, entre clássicos e produções recentes. A mostra se abre com O Último Azul (2024), de Gabriel Mascaro, vencedor do Urso de Prata em Berlim e inédito no Japão. Ambientado em um Brasil distópico, o longa acompanha Tereza, de 77 anos, que vive em uma pequena cidade industrializada na Amazônia até receber uma ordem do governo para se mudar para uma colônia de idosos. Misturando resistência e fantasia, Mascaro reafirma o vigor criativo do cinema brasileiro contemporâneo.
Outro destaque é o documentário Milton Bituca Nascimento (2024), de Flávia Moraes, um tributo ao cantor e compositor mineiro. Narrado por Fernanda Montenegro, o filme emociona ao reconstruir a trajetória de um dos maiores ícones da música brasileira por meio de imagens inéditas e depoimentos comoventes.
Com olhar voltado às periferias, Kasa Branca (2024), de Luciano Vidigal, traz um retrato intenso de um adolescente negro do Rio de Janeiro que, ao descobrir que a avó está em estado terminal, encontra nos amigos o apoio para enfrentar o mundo e viver os últimos dias ao lado dela.
Entre os clássicos, o público japonês terá a oportunidade de rever Central do Brasil (1998), de Walter Salles, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Filme Internacional. A jornada de Dora e Josué pelo interior do país continua a emocionar, reafirmando o filme como um marco do cinema nacional.
A mostra também presta homenagem ao mestre Glauber Rocha (1939–1981), exibindo Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969). Obras fundamentais do Cinema Novo, elas romperam fronteiras estéticas e políticas, consolidando o Brasil no mapa do cinema mundial após a consagração de O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, com a Palma de Ouro de 1962. Glauber, como destaca o texto curatorial, “revolucionou a linguagem cinematográfica ao unir estética e crítica política, inspirando gerações e mantendo viva a chama da resistência cultural”.
Para o embaixador do Brasil em Tóquio, Octávio Henrique Dias Garcia Côrtes, a homenagem simboliza mais do que um reconhecimento artístico: “É uma honra para o Brasil ser homenageado no ano em que celebramos 130 anos de relações diplomáticas entre nossas nações”, afirma. Ele acrescenta que a mostra “representa um gesto de amizade, de reconhecimento mútuo e de aproximação entre culturas”, destacando ainda que “a arte continua sendo uma das formas mais poderosas de diálogo entre os povos”.
A CEO da Linhas Produções Culturais, Fernanda Bulhões, uma das organizadoras do evento, enfatiza o momento singular vivido pelo cinema brasileiro. Segundo ela, “o cinema brasileiro vive hoje um dos seus grandes momentos, com reconhecimentos recentes em festivais como o Oscar, Berlim e Cannes”. Para Fernanda, trazer essas obras a Tóquio é “compartilhar com o público japonês um pedaço da nossa identidade cultural”. Ela lembra que “o Japão tem uma admiração histórica pela música e pelas artes do Brasil – a paixão pela bossa nova é um exemplo disso – e esta mostra amplia essa troca, aproximando ainda mais os dois países”.
SERVIÇO
Mostra Classics: Brazil Film Week
28 de outubro a 2 de novembro de 2025
National Film Archive of Japan (NFAJ), Tóquio
Organização: Linhas Produções Culturais, Tokyo International Film Festival (TIFF), National Film Archive of Japan (NFAJ), Embaixada do Brasil em Tóquio e Instituto Guimarães Rosa
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