Crítica | Streaming e VoD

October 1

(October 1, NGA, 2014)

Suspense
Direção: Kunle Afolayan
Elenco: Femi Adebayo, Ademola Adedoyin, Kayode Aderupoko, Kunle Afolayan, Abiodun Aleja, David Bailie, Kehinde Bankole, Sadiq Daba, Ibrahim Chatta
Roteiro: Tunde Babalola
Duração: 148 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

A Nigéria é considerada hoje em dia como a terceira maior produção cinematográfica do mundo, perdendo apenas para a Índia e os Estados Unidos, fato que já lhe rendeu o apelido de Nollywood. Porém, segundo dados do próprio país, há uma imprecisão na contagem de títulos produzidos, que devem ultrapassar o número de mil cópias por ano, o que colocaria a Nigéria em primeiro lugar como produtor de obras audiovisuais.

Toda a confusão acontece porque a totalidade dos filmes produzidos no país é lançada em vídeo, pois não há quase mais nenhuma sala de exibição por lá. Como a produção é muito grande e a distribuição é facilitada pelo modo de lançamento, nem todos os filmes conseguem ser contabilizados.

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A contagem atual é feita, aproximadamente, pelo número de classificações indicativas, fundamental para o lançamento oficial de um título. Como nem todos os filmes que chegam conseguem ser classificados, estima-se hoje que cerca de 90% da produção não tenha distribuição oficial.

Sem cinemas, há um grande número de videoclubes e locadoras, e o comércio de filmes, que pode ser encontrado em lojas de especialidades diferentes, é bastante concorrido no país.

Hoje o cinema da Nigéria tem alçado voos maiores e ultrapassado as fronteiras nigerianas. No Brasil, uma mostra do cinema de lá passou pelos CCBBs de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo e agora temos alguns títulos disponíveis no Netflix, como o policial October 1.

O filme volta ao ano de 1960, um mês antes de a Nigéria deixar de ser uma colônia britânica. Dan Waziri, um detetive do norte do país é enviado às pressas a uma cidade do oeste, Akote, para solucionar assassinatos de mulheres cometidos em série. A colônia quer que o país saia de suas mãos sem nenhuma pendência.

Bem arrumado em sua estrutura, October 1, nome que faz referência ao dia da independência, trabalha bem a ambientação de época. O diretor Kunle Afolayan (Phone Swap), que também atua no filme, sabe como usar o humor e consegue segurar o suspense por algum tempo. Ainda que alguns enquadramentos e movimentos de câmera careçam de mais cuidado e a trilha sonora soe estranha, é uma experiência diferente e divertida.

Como tema recorrente na filmografia do país, estão a violência e uma certa mitologia sobre os fatos que antecederam um acontecimento histórico tão significativo para a sociedade. Além de deixar referências bastante negativas, metafórica ou não, sobre a colonização como motriz dos acontecimentos que se desenrolam na tela.

As atuações são irregulares, com alguns atores mais preparados do que outros, estes contam com o carisma para não comprometer a produção. A duração do filme também é um pouco mais longa do que precisaria ser e há uma certa previsibilidade no desfecho.

Mas ainda assim, é uma ótima maneira de ser apresentado a uma das maiores produções de cinema do mundo. Tão característica e diferente do muito que vemos por aí.

October 1 teve um orçamento aproximado de U$ 2 milhões e foi lançado oficialmente, com cópia para o cinema, e participou de festivais na África, Europa e América do Norte.

Um Grande Momento:
Traduzindo.

October-1_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=-R7wJuPv_7o[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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