Críticas

Cinema francês em mais de 50 cinemas

O 16º Festival de Cinema Francês do Brasil, antigo Festival Varilux, começa hoje, 27 de novembro, em mais de 50 cinemas de todo o país. Até 10 de dezembro, a mostra leva ao público 20 longas-metragens recentes e inéditos no circuito comercial brasileiro, além de um clássico. A seleção reúne filmes que passaram por eventos como Cannes e Veneza e contempla diferentes gêneros, do drama à comédia, incluindo títulos de diretores já conhecidos do público e de novos nomes do cinema francês.

Único evento francês de âmbito nacional realizado de forma simultânea em cidades de perfis variados, o Festival contabiliza mais de dois milhões de espectadores desde a primeira edição. A programação deste ano combina sessões em salas comerciais e mostras especiais, incluindo um eixo dedicado à realidade virtual em São Paulo e no Rio de Janeiro, com cinco filmes selecionados por Michel Reilhac, fundador da Venice VR.

Entre os destaques da programação estão Mãos à Obra, de Valérie Donzelli, vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza 2025, e O Estrangeiro, de François Ozon, adaptação do livro de Albert Camus. O público também poderá ver Jovens Mães, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, premiado em Cannes 2025, Vizinhos Bárbaros, de Julie Delpy, O Apego, de Carine Tardieu, 13 Dias, 13 Noites, de Martin Bourboulon, O Segredo da Chef, de Amélie Bonnin, e Os Bastidores do Amor, de Victor Rodenbach, entre outros títulos.

A delegação artística convidada para esta edição reúne nomes que acompanham sessões e participam de debates em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estão confirmados a atriz Isabelle Huppert, os atores Bastien Bouillon e Salif Cissé, as diretoras Fabienne Godet e Valérie Donzelli, os diretores Victor Rodenbach e Jean-Claude Barny e o ator e diretor Pierre Richard. Huppert apresenta A Mulher Mais Rica do Mundo, de Thierry Kliffa, filme inspirado na história de uma herdeira da indústria de cosméticos, e participa de sessões no Rio e de uma pré-estreia em Salvador em 5 de dezembro.

O Festival presta homenagem a Pierre Richard, ator, diretor e roteirista com longa trajetória no cinema francês. Ele apresenta Sonho, Logo Existo (L’homme qui a Vu L’ours qui a Vu L’homme), produção que marca seu retorno à direção após quase três décadas. O tributo inclui ainda uma retrospectiva com títulos como A Cabra (La Chèvre), O Brinquedo (Le Jouet), Os Fugitivos (Les Fugitifs), Loiro, Alto e de Sapato Preto (Le grand blond avec une chaussure noire) e Um Sopro entre os Dentes (Un nuage entre les Dents).

A programação do Festival de Cinema Francês do Brasil reúne ainda filmes que dialogam com diferentes contextos históricos e sociais. 13 Dias, 13 Noites (13 jours, 13 nuits), de Martin Bourboulon, se passa em Cabul, em agosto de 2021, durante a retirada das tropas americanas e a retomada da cidade pelo Talibã. Eu, Que Te Amei (Moi qui t’aimais), de Diane Kurys, acompanha a relação de Yves Montand e Simone Signoret. Operação Maldoror, de Fabrice du Welz, trata do desaparecimento de duas jovens na Bélgica. Mercato, os donos da bola, de Tristan Séguéla, volta-se para os bastidores da indústria do futebol.

Questões familiares aparecem em diferentes recortes. Era Uma Vez Minha Mãe, baseado no livro autobiográfico de Roland Perez, acompanha a infância de um menino que nasce com pé torto e a decisão da mãe de garantir a ele uma vida independente. Em Fora de Controle, de Anne Le Ny, Omar Sy interpreta um homem que vê o casamento em crise com o retorno de um antigo amor. La Pampa, de Antoine Chevrolier, acompanha dois adolescentes cuja relação é abalada quando um segredo vem à tona. A programação inclui ainda Voz de Aluguel, de Fabienne Godet, Fanon, de Jean-Claude Barny, Uma Jornada de Bicicleta, de Mathias Mlekuz, Maya, Me Dê Um Título, de Michel Gondry, e outros títulos voltados também a sessões educativas.

Os diretores e curadores Christian e Emmanuelle Boudier ressaltam a dimensão do evento no contexto atual. Para Christian, em um cenário marcado por crises políticas, guerras e conflitos, a seleção busca abrir espaço para perguntas e novas perspectivas. Emmanuelle destaca que o objetivo do Festival é incentivar o encontro nas salas de cinema e reforçar o caráter democrático da experiência cinematográfica coletiva.

Confira os cinemas participantes e a programação no site do Festival de Cinema Francês do Brasil

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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