Direção: Marc Fitoussi
Elenco: Isabelle Huppert, Aure Atika, Lolita Chammah, Jurgen Delnaet, Chantal Banlier, Magali Woch, Nelly Antignac
Roteiro: Marc Fitoussi
Duração: 107 min.
Nota: 7
(Copacabana, FRA, 2010)Isabelle Huppert é daquelas raríssimas atrizes que valem o ingresso mesmo no pior dos filmes. Em “Copacabana”, terceiro longa-metragem de Marc Fitoussi (os dois anteriores não foram lançados no Brasil), o caso é quase esse: dificilmente o filme funcionaria caso não fosse a presença brilhante da diva francesa.
O espectador mais acostumado com os grandes papéis dramáticos de Huppert (a grande Mme. Bovary do cinema, dirigida pelo recém-falecido Claude Chabrol) se surpreenderá com o seu impecável timing cômico como Babou, mulher de meia-idade um pouco perdida no tempo e no espaço. Desempregada, maconheira, histérica e cheia de dívidas, Babou percebe que o ruidoso relacionamento com a careta filha Esméralda (Lolita Chammah, filha de Huppert na vida real) ruiu de vez quando esta não a convida para o seu casamento.
Para Babou, é o início de uma nova fase em sua vida, e o ponto de partida é a obtenção de um emprego como corretora de apartamentos time-sharing no frio litoral belga. É onde ela poderá ganhar auto-estima e dinheiro para poder realizar o seu grande sonho, conhecer o Rio de Janeiro, além de provar à filha que pode ser uma mulher responsável e bem-sucedida.
Apesar do início um pouco atravancado, “Copacabana” ganha fôlego assim que Fitoussi foge do realismo e avança em direção à chanchada. Babou deixa de ser apenas uma personagem transloucada e ganha profundidade, e os personagens coadjuvantes recebem maior destaque – em especial a personagem de Chantal Banlier, Irène, corretora que surge como contraponto à personagem principal. É no embate entre as duas que surgem os momentos mais engraçados do filme.
“Copacabana” tem um quê de “Whisky”, filme uruguaio dirigido pelo Pablo Stoll e pelo falecido Juan Pablo Rebella, pelo tom agridoce com que aborda os problemas da meia-idade – como a solidão, o sexo casual e a desconexão com o mundo moderno -, e pela atmosfera cinzenta imposta pela fotografia.
É um filme de atores, que não se leva muito a sério e brinca com os estereótipos que os europeus fazem do Brasil – motivo para uma bela coletânea de nossas músicas. E mais um veículo para Huppert mostrar todo o seu talento.
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