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Vingança a Sangue Frio

(Cold Pursuit, GBR/NOR/CAN/EUA/FRA, 2019)
Suspense
Direção: Hans Petter Moland
Elenco: Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson, Michael Eklund, Bradley Stryker, Wesley MacInnes, Tom Bateman
Roteiro: Kim Fupz Aakeson (filme O Cidadão do Ano), Frank Baldwin
Duração: 119 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Em Vingança a Sangue Frio, Liam Neeson é Nels, um pacato pai de família que ganha a vida desbloqueando estradas interceptadas pela neve. Nels será homenageado como cidadão do ano de uma pequena cidade de Denver/Colorado, onde vive com sua esposa Grace (Laura Dern) e seu filho, Kyle (Micheál Richardson). Tudo parece tranquilo, até chegar a notícia de que Kyle fora encontrado morto, aparentemente envolvido no roubo de carga de um perigoso traficante que deu sua resposta à ação.

Nesse ponto, o longa parece seguir o caminho da ação, da trama de suspense e vingança, tema bastante explorado em Hollywood e nos últimos trabalhos de Liam Neeson. E em boa parte do tempo é isso mesmo. Porém, Vingança a Sangue Frio é a versão “americana” de Cidadão do Ano (2014), dirigida também por Hans Petter Moland. Agora, Moland teve a oportunidade de recontar a história original, com maior orçamento e, principalmente, Liam Neeson encabeçando a produção.

Como se não bastasse a perda trágica, as condições da morte de seu filho e seu envolvimento com o tráfico revelam um abismo na família de Nels, isso faz com que Grace também se afaste de Nels. É a partir daqui que ele inicia o seu caminho de vingança, não tendo nada mais a perder.

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O longa de Moland começa de forma intensa, parece seguir o ritmo de um filme de ação, contudo, ao passo que a história se desenrola, vai ficando mais lento com o aumento das dificuldades de Nels durante sua jornada. Aqui há um hiato nas ações do protagonista e outros personagens ganham espaço numa guerra iniciada por Nels, mas que ultrapassará suas ações e o controle desta.

Laura Dern, Tom Bateman, Emmy Rossum, Tom Jackson e John Doman completam o elenco, que, no entanto, tem pouco espaço. A trama se concentra muito mais nas ações de Nels. A atuação de Neeson mostra-se o porto-seguro da produção, enquanto a história parece sofrer mutações ao longo de seus 119 minutos. Nels parece ser o único que se mantém firme aos seus propósitos, num mesmo tom, que condiz com as problemáticas da história.

Em contrapartida, não raro temos numa mesma cena o humor ácido contracenando com o grotesco e violento. Nesses vários momentos, o drama e o suspense anteriormente vividos por Nels e o público se dissipam, perdendo força. É dessa forma que a história não se concretiza, não pelo roteiro simples e muito menos por conta das atuações, já que principalmente Neeson consegue transmitir a força e as fraquezas de seu personagem, às vezes sagaz, às vezes contando com a sorte ou simplesmente o acaso, mas sim pelas escolhas do diretor, que ao tentar “incrementar” a história termina por enfraquecê-la.

Um Grande Momento:
Nels reconhece corpo do filho.

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Ygor Moretti

Ygor Moretti Fioranti, paulista nascido em 1980 e formado em Letras, trabalha como designer gráfico. É poeta esporádico, contista por insistência... Santista, cinéfilo, rato de livrarias, sebos e bancas de jornal. Assisti e lê de tudo, de cinema europeu a Simpsons; de Calvin e Haroldo a Joseph Conrad. Mantém o blog Moviemento e colabora na sessão de cult movies com O Cinemista.
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