Drama
Direção: Matteo Garrone
Elenco: Salvatore Abruzzese, Simone Sacchettino, Salvatore Ruocco, Vincenzo Fabricino, Vincenzo Altamura, Italo Renda, Gianfelice Imparato, Maria Nazionale
Roteiro: Roberto Saviano, Matteo Garrone, Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Massimo Gaudioso
Duração: 137 min.
Minha nota: 7/10
Há muitos anos atrás Salman Rushdie escreveu o livro “Versos Satânicos“, que provocou a fúria da comunidade muçulmana por uma clara demonstração de falta de fé no islamismo. Por causa disso, livros foram queimados em praça pública, ele foi condenado à morte pelo líder iraniano aiatolá Khomeini e ainda teve um prêmio de R$ 6 milhões de dólares pela sua cabeça.
Agora ele volta, mas não com outra edição polêmica e sim para dizer que o caso de um jovem autor italiano era muito mais sério que o dele. Roberto Saviano resolveu contar tudo o que sabia sobre a Comorra, a maior organização mafiosa em atividade na Itália atualmente.
A diferença é que enquanto Rushdie criou uma ficção baseada no Corão, Saviano contou o que presenciara em seus dias junto a um chefão da máfia napolitana que tem braços nos mais diversos países do mundo. Hoje, o escritor vive com um forte esquema de proteção policial e está ameaçado de morte.
O filme aborda várias facetas da máfia. Entre elas a gratificação pela colaboração de familiares, o poder em determinados territórios, os jogos clandestinos, a violência injustificada, o tráfico de armas e o armazenamento de lixo.
Muito além de todos os filmes sobre o tema, que depois da experiência mais parecem contos de fadas, Gomorra demonstra a falta de controle do Estado no sul da Itália e de uma maneira seca, sem floreios e amenidades.
A câmera, sempre sufocante, apela para close ups e movimentos bruscos e, em alguns momentos, lembra o brasileiro Feliz Natal e o israelense O Gesto Obsceno. Todos os três parecem acontecer a alguns poucos centímetros de nós e a sensação não é das mais agradáveis.
Apesar de todo o seu valor como denúncia e das muitas qualidades apresentadas, o filme se perde algumas vezes em suas muitas histórias e a impressão ao sair da sala é a de que vimos algo bom, mas ainda inferior ao livro.
Confesso que eu estava esperando muito mais e isso sempre é problemático para o cinema. A falta de coesão do roteiro me incomoda e chega a cansar em alguns momentos, mas não o suficiente para estragar o filme. Pelo contrário, Gomorra merece ser visto por todos.
Claro que as pessoas que não gostam de violência explícita podem deixar a idéia para lá.
Quem está querendo ver todos os indicados ao Oscar já pode ir adiantando este, que provavelmente será um dos cinco concorrentes por filme estrangeiro.
Um Grande Momento
Maria tenta conversar com Ciro.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Cannes: Palma de Ouro, Grande Prêmio de Júri
Globo de Ouro: Filme Estrangeiro
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