Com uma seleção competitiva recheada com alguns dos principais títulos de Cannes, Berlim, Veneza e Locarno deste ano, o júri oficial da 66ª Semana Internacional de Cine de Valladolid, presidido pela cineasta indiana Deepa Mehta optou por ignorar os medalhões e reconhecer as produções menos “badaladas” da seleção. Com isso, a Espiga de Ouro de melhor filme foi para Last Film Show, do seu conterrâneo Pan Nalin, uma espécie de Cinema Paradiso indiano que presta uma singela homenagem à sala de cinema e à película.
Dois longas menos aclamados em festivais internacionais acumularam os outros principais prêmios. O suíço La Mif, um docudrama à la Polissia sobre um abrigo para menores em risco dirigido por Fred Baillif, ficou com as Espigas de melhor diretor, montagem e uma menção especial para suas jovens atrizes. Já o catalão Sis Dies Corrients, que trata a xenofobia e racismo na Europa de forma cômica (e bastante simplista) por meio de dois colegas de trabalho em Barcelona, levou a Espiga de Prata – espécie de Grande Prêmio do Júri – para a cineasta Neus Ballús que, jogando em casa, também saiu do festival com o Prêmio do Público.
Leopardo de Ouro em Locarno, o longa de ação Vengeance is Mine, All Others Pay Cash, do indonésio Edwin, foi eleito a melhor fotografia. Paul Schrader ficou com a Espiga de melhor roteiro por The Card Counter. Ignorado na competitiva de Berlim, o dramalhão Ballad of a White Cow rendeu o prêmio de melhor direção estreante para os iranianos Behtash Sanaeeha e e Maryam Moghaddam. E as estatuetas de atuação foram, merecidamente, para Yilka Gashi, pelo drama baseado em fatos reais Hive (vencedor dos três principais prêmios de Sundance em janeiro), e Yuriy Borisov, por seu excelente trabalho em Compartment Nº 6.
The Worst Person in the World, do dinamarquês Joachim Trier, foi eleito melhor filme pelo júri da Fipresci (para fins de transparência: eu fui um dos integrantes), pelo júri jovem e ainda levou o Globo de Ouro, concedido por membros da imprensa local. Já a animação Affairs of the Art, da dupla Joanna Quinn e Les Mills, arrebatou as Espigas de melhor curta europeu e melhor curta, com o argentino Mi Ultima Aventura, de Ramiro Sonzini e Ezequiel Salinas ficando com a Espiga de Prata.
Veja a lista completa de vencedores da 66ª Seminci abaixo.
Competitiva Oficial
Melhor filme: Last Film Show, de Pan Nalin
Espiga de Prata: Sis Dies Corrients, de Neus Ballús
Melhor direção: Fred Baillif, La Mif
Melhor roteiro: Paul Schrader, The Card Counter
Melhor diretor estreante: Behtash Sanaeeha e Maryam Moghaddam, Ballad of a White Cow
Melhor atriz: Yilka Gashi, Hive
Melhor ator: Yuriy Borisov, Compartment Nº 6
Melhor fotografia: Vengeance is Mine, All Others Pay Cash
Melhor montagem: La Mif
Menção Especial do júri: Elenco de La Mif
Melhor curta europeu: Affairs of the Art, Joanna Quinn e Les Mills
Espiga de Prata de melhor curta: Mi Ultima Aventura, de Ramiro Sonzini e Ezequiel Salinas
Melhor curta: Affairs of the Art, Joanna Quinn e Les Mills
Prêmio Fipresci: The Worst Person in the World, Joachim Trier
Prêmio da Juventude: The Worst Person in the World, Joachim Trier
Globo de Ouro: The Worst Person in the World, Joachim Trier
Prêmio do Público: Sis Dies Corrients, de Neus Ballús
Seção Ponto de Encontro
Melhor longa e Prêmio do Público: Mes frères et moi, Yohan Manca
Melhor curta europeu: Les Criminels, Serhat Karaaslan
Melhor curta espanhol: Las infantas, de Andrea H. Catalá
Prêmio da Juventude: Persona non grata, de Lisa Jespersen
Seção Tempo de História (Competitiva Documental Internacional)
Melhor longa (ex aequo): My Childhood, my Country – 20 Years in Afghanistan, de Phil Grabsky y Shoaib Sharifi // Writing with Fire, de Rintu Thomas y Sushmit Ghosh
Espiga de Prata: Corsini interpreta a Blomberg y Maciel, de Mariano Llinás
Melhor curta: When We Were Bullies, de Jay Rosenblatt
Prêmio do Público: Luchadoras, de Paola Calvo y Patrick Jasim
Seção DOC Espanha
Melhor longa: El vent que ens mou, de Pere Puigbert
Melhor curta: El rey de las flores, del vallisoletano Alberto Velasco
Premiações paralelas
Espiga Verde (melhor filme sobre questões ambientais): Animal, Cyril Dion
Espiga Arco-íris (melhor filme sobre questões LGBTQIA+): Sedimentos, de Adrián Silvestre
Prêmio Fundos: Hive, Blerta Basholli & Writing with Fire, de Rintu Thomas y Sushmit Ghosh
O crítico viajou a convite da 66ª Semana Internacional de Cine de Valladolid