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Morbius

(Morbius, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Ação
  • Direção: Daniel Espinosa
  • Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless
  • Elenco: Jared Leto, Michael Keaton, Adria Arjona, Jared Harris, Matt Smith, Tyrese Gibson
  • Duração: 104 minutos

Após o fracasso de Jared Leto com um dos mais famosos (se não o mais famoso) vilões do Universo DC, o ator vem agora protagonizar a história de um anti-herói não tão famoso do Universo Marvel – Michael Morbius, um médico aclamado que salva a vida de milhares pessoas, mas não consegue solucionar sua própria doença e vive apenas esperando a morte.

Ganhador do prêmio Nobel, por suas pesquisas envolvendo a criação de sangue artificial, Dr. Michael Morbius descobre que não tem muito tempo de vida, em razão da sua rara doença, que dissolve as células do próprio sangue, e inicia uma jornada científica em busca da solução de sua doença, com o uso de fluidos derivados do sangue de morcegos-vampiros mesclados com seu próprio sangue, e um tratamento de eletrochoque.

A potente combinação desenvolvida por Dr. Morbius parece ter saído melhor que a encomenda à medida em que, além de recuperar seu corpo, torna o porte físico do bioquímico igual ao de um atleta de alta performance, e lhe garante poderes super humanos, contudo os ônus da transformação surgem tão rápido quanto os bônus: o médico, que passou a vida inteira salvando a vida alheia, precisa matar as pessoas para conseguir satisfazer sua fome.

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O resultado do personagem é uma mistura de Batman do Universo DC com o Conde Drácula de Bram Stroker, que garante ao longa a pegada sombria, que prende a atenção do público infanto-juvenil, já que se assemelha a uma modalidade de terror light.

Morbius
Sony Pictures

O personagem também tem um dilema moral que leva a reflexões mais profundas, valendo lembrar uma passagem do livro Prisioneiras, onde uma das encarceradas diz que o único crime que não podemos dar certeza de que nunca cometeremos será o homicídio. Todos temos, dentro de nós, uma ponta de negligência, imprudência, e instintos primitivos que podem ser analisados ao olhar para o Dr. Morbius.

Essa reflexão e o sofrimento do médico dão ao longa uma pitada de drama e melancolia, clássica de todos os filmes do Universo Marvel, mas que se rebate com as piadas dentro do mesmo filme.

Os efeitos visuais são encantadores e prendem a atenção de qualquer pessoa nas primeiras lutas, mas depois se tornam repetitivos e exaustivos, como se ficasse sempre aquela sensação de “olha, mais uma luta… daqui a pouco fica em câmera lenta… e ficou”, sendo muito mais interessantes as formas geométricas neon dos créditos, do que esses efeitos repetidos.

O vilão, Loxias Crown (Matt Smith), não parece fazer muito sentido, já que é pouco abordado: foi uma criança frágil e doente, assim como Michael, que cresceu com medo constante de morrer, mas se tornou um adulto completamente diferente do amigo, e, mesmo com essas diferenças, permaneceu ao lado do bioquímico, até desejar se transformar assim como ele.

Morbius
Sony Pictures

Não é, em absoluto, similar ao Loxias Crown dos quadrinhos, um ex-agente da Hydra, revoltado, pela perda de sua esposa, que iniciou uma empreitada de homicídios, em busca de vingança, até ser atacado e transformado por Morbius em um Vampiro Vivo. Mas a gente perdoa a releitura, se é pra introduzir o Morbius às telonas… ainda que o personagem, em si, tenha ficado prejudicado.

O romance, elemento clássico dos filmes de herói, não prende muito, nem tampouco convence… ouso dizer que Martine Bancroft (Adria Arjona) e Michael Morbius têm a mesma química que Harley Quinn e Coringa em Esquadrão Suicida – e isso não é, nem de perto, um elogio -, mas, aparentemente, teremos que ter paciência com esse romance nos próximos filmes, já que Martine é, originalmente, assistente e amante de Morbius, e se torna uma vampira legítima – imortal, ao contrário de Michael – e, inclusive, trava algumas batalhas com seu amado. A não ser que seja feita uma releitura também nessa parte do HQ e essa história melhore (espero que sim).

A trilogia e os efeitos sonoros do filme são compatíveis com os efeitos visuais, no quesito psicodelia: faz sentido colocar sons eletrônicos e distorcidos em cenas cheias de cores vibrantes e neon, sendo possível, até, fazer uma referência à estética psicodélica de Tron: o Legado que eu, particularmente, gosto, e acho que prende a atenção do público-alvo de filmes de quadrinhos.

Apesar de quem desconhece o Universo Marvel se perguntar o porquê de a Sony ter, agora, produzido esse filme de um anti-herói não tão conhecido, não há grandes surpresas: depois de lançar os dois filmes do Venom e a trilogia do Homem-Aranha, apresentando um pouco do dia a dia do jovem Peter Parker, em combate aos seus arqui-inimigos, nada mais justo do que apresentar ao público mais um dos vilões do amigo da vizinhança.

Morbius
Sony Pictures

Após o lançamento de Homem-Aranha Sem Volta Para Casa, os fãs dos quadrinhos do homem-aranha se questionaram se aquela seria a revelação da formação do Sexteto Sinistro, uma lista de inimigos do homem aracnídeo, que já teve algumas formações diferentes, em uma configuração que ainda não tinha sido vista. Vale lembrar que já vimos nos quadrinhos:

  1. formação original: Doutor Octopus; Eletro; Kraven; Mistério; Homem Areia; e Abutre
  2. Doutor Octopus; Eletro; Duende Verde; Mistério; Homem Areia; e Abutre
  3. Doutor Octopus; Eletro; Duende Verde; Mistério; Gog; e Abutre
  4. Doutor Octopus; Lagarto; Kraven; Mistério; Homem Areia; e Abutre

A Sony vem nos apresentando aos vilões do Homem-Aranha desde 2002, sendo eles Duende Verde, Doutor Octopus, Venom, Homem Areia, Homem Lagarto, Mistério, Eletro e Abutre, que foram resgatados com a colisão de universos causada em Sem Volta Para Casa, e agora nos apresentou ao Morbius, deixando, novamente a pergunta “será essa uma nova configuração do Sexteto nunca antes vista?” e mais “quem ficará dentro e quem ficará fora do sexteto?”

Meu palpite é que teremos uma nova configuração do Sexteto, dessa vez iniciada pelo Abutre, contando com Morbius e Venom… Talvez com participação da dra. Bancroft. Será?

A propósito: são duas cenas pós-crédito! Deixa de afobação e fica pra assistir!!

Um grande momento
Transformação de Morbius no navio

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Daniela Strieder

Advogada e ioguim, Daniela está sempre com a cabeça nas nuvens, criando e inventando histórias, mas não deixa de ter os pés na terra. Fã de cinema desde pequenina, tem um fraco por trilhas sonoras.
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