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Para Sempre Alice

(Still Alice, EUA/FRA, 2014)

Drama
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Elenco: Julianne Moore, Kate Bosworth, Shane McRae, Hunter Parrish, Alec Baldwin, Seth Gilliam, Kristen Stewart
Roteiro: Lisa Genova (romance), Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Duração: 101 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

Julianne Moore é uma atriz de capacidade inquestionável. Independente dos trabalhos que aceita, sempre se dedica à arte de criar personagens e consegue se transmutar como poucas na atualidade. Sua qualidade, apesar de muito reconhecida pela crítica e por cinéfilos, nunca faz muito sucesso nas grandes premiações. Diferente do que anda acontecendo com Para Sempre Alice.

Ganhadora de vários prêmios pelo papel, parece que chegou a vez de Julianne Moore finalmente ganhar o seu Oscar. Pena que seja por um filme tão fraco e irregular. A história de uma professora de Harvard, especialista em linguística, diagnosticada com Alzheimer, poderia ser tocante, mas só consegue ser apelativa.

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O longa-metragem é uma adaptação da dupla de diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland do bestseller de mesmo nome, escrito pela neurocientista Lisa Genova. A intenção é demonstrar como a doença afetou a vida de Alice e de toda sua família, mas a opção por recortes mais emotivos do que funcionais compromete o projeto e não deixa o filme chegar muito longe. Muito mais valeria uma cena catártica do que a tentativa de fingir não ser melodramático e, mesmo assim, fazer aquele monte de papel voar no chão no meio de um discurso.

Moore está realmente muito bem no papel de Alice. Ela convence enquanto “saudável” e enquanto doente e consegue fazer com que a degeneração de sua personalidade vá sendo percebida no decorrer do filme, seja em olhares perdidos ou em falas emocionadas. Com um elenco de apoio meio perdido e pouco relevante, ela se destaca em cena. Não que o trabalho dos outros atores seja ruim, mas, diante da superficialidade dos personagens, acaba insignificante.

Conscientes da única força que têm em cena, os diretores fazem de todo o resto do filme uma espécie de objeto de decoração a ser utilizado pela atriz principal. Isso pode ser percebido não só no roteiro, mas nas opções de enquadramento. Tudo é Alice no filme.

Autopiedoso e manipulador, Para Sempre Alice é uma sucessão de momentos que poderiam ser belos se conjugados a outros significativos ou se concatenados de forma mais interessante. Mas, do jeito com que são mostrados, causam um certo constrangimento e uma sensação de falsidade ao espectador.

Ainda bem que tem Julianne Moore para fazer valer a experiência. E que ela ganhe, mesmo com esse papel, todos os prêmios que aparecerem pela frente. Mas se tivesse sido por algum outro papel do passado, teria sido mais justo.

Um Grande Momento:
No camarim, depois da peça.

Logo-Oscar1Oscar 2015
Melhor Atriz (Julianne Moore)

Para-sempre-alice_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ikwYmKkvI6o[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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