O Escândalo

(Bombshell, EUA/CAN, 2019)
Drama
Direção: Jay Roach
Elenco: Charlize Theron, Nicole Kidman, Margot Robbie, John Lithgow, Allison Janney, Malcolm McDowell, Kate McKinnon, Connie Britton, Liv Hewson, Brigette Lundy-Paine, Rob Delaney, Mark Duplass, Stephen Root, Robin Weigert, Amy Landecker
Roteiro: Charles Randolph
Duração: 109 min.
Nota: 6

Inspirado na série de denúncias de assédio feitas por ex-repórteres e âncoras do canal televisivo Fox News contra o chefão Roger Aisles, O Escândalo bebe diretamente na fonte de A Grande Aposta, de Adam McKay, para tratar de um assunto contemporâneo espinhoso de forma arrojada, quase sempre irônica. Quem assina o roteiro também é o ganhador do Oscar Charles Rudolph, mas quem dirige é Jay Roach, de Trumbo: Lista Negra e Virada no Jogo.

Centrado na capacidade dramática de três das maiores estrelas de Hollywood (Charlize Theron, Margot Robbie e Nicole Kidman), o filme abusa da precisão das maquiagens protéticas para tornar a contraparte das protagonistas Megyn Kelly e Gretchen Carlson factível. John Lithgow, a exemplo do que já havia feito com auxílio da caracterização, utiliza seu inesgotável talento dramático para compor o asqueroso assediador Aisles.

Porém, a grande questão sobre a eficácia cinematográfica de O Escândalo não reside na força das atuações principais e dos coadjuvantes – brilhantes, como Kate McKinnon, Alisson Janney ou Mark Duplass – mas na capacidade de ir além da fábula pós-cômica sobre a era #metoo #timesup, que se utiliza de recursos como a quebra da quarta parede e uma montagem dinâmica para demonstrar o tal arrojo narrativo visto em A Grande Aposta ou mesmo em Vice.

O filme de Jay Roach claudica quando se aprofunda a investigação na Fox News. As histórias em paralelo: os dilemas de Gretchen, que foi demitida e encontra problemas para arranjar trabalho em outra emissora, ou Megyn, tendo que lidar com sua imagem sendo ranhurada, não têm o mesmo impacto no arco principal ou não são bem dosadas em seus desenvolvimentos na curva dramática quanto o despertar (bem previsível) da pudica e conservadora Kayla, personagem de Margot Robbie.

Ainda assim, O Escândalo entretém e o duelo entre as bombshells platinadas do canal mais reacionário da televisão norte-americana rende bons momentos além da reflexão sobre a toxicidade dos ambientes profissionais que incentivam a disputa entre mulheres arraigada ao sistema patriarcal capitalista selvagem.

Um Grande Momento:
Megyn Kelly confrontando Trump.

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