Crítica | FestivalMostra SP

O Anjo

(El Angél, ARG/ESP, 2018)
Drama
Direção: Luis Ortega
Elenco: Lorenzo Ferro, Chino Darín, Daniel Fanego, Mercedes Morán, Cecilia Roth, Peter Lanzani, Luis Gnecco, Malena Villa, William Prociuk
Roteiro: Sergio Olguín, Luis Ortega, Rodolfo Palacios
Duração: 118 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Um jovem bonito, loiro, com cabelos ondulados que começou sua vida criminosa entrando em casas vazias para pegar coisas que chamavam a sua atenção. Este é Carlos Robledo Puch, “El Angél Negro” ou “El Angél de la Muerte”, um dos maiores criminosos da Argentina, o segundo maior assassino em série do país. O Anjo, novo filme de Luís Ortega, conta sua larga mas breve história de crimes, desde seus primeiros furtos até os assassinatos imotivados.

Com um desenho de produção competente na reconstituição do início dos anos 70, muitas cores e apostando na presença constante da variada trilha sonora, Ortega, que assina o roteiro com Sergio Olguín e Rodolfo Palacios, traz uma juventude e um frescor nem sempre adequados a filmes sobre o tema, mas que funciona muito bem aqui.

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O Anjo da Morte, por exemplo, apresenta-se em off, enquanto vai vasculhando uma casa que acabara de invadir e se diverte dançando ao som da baladinha “El Extraño del Pelo Largo”, da banda La Joven Guardia.

A estética, tão perfeitinha e cuidadosa, é mais um elemento na busca pela construção da personalidade do protagonista, no estabelecer de sua aproximação irresistível e dos ambientes transformados por suas deturpações sociopatas. A construção da aura angelical está em todas as ocasiões.

Nos onze meses retratados no filme, algumas histórias deixam de ser contadas e outras, imaginadas, ganham a realização. O diretor vai buscar aquilo que estimulou Carlos a matar, suas relações com os pais e com o seu maior comparsa, Ramón. Numa relação de companheirismo e admiração, a tensão sexual entre os dois é evidente e o filme empenha-se em explicitar isso.

Justamente por esta dedicação do filme, embora tudo encaminhe-se muito bem, há uma queda significativa na parte final, quando os eventos começam a se atropelar e o ritmo, mas não só ele, se perde um pouco.

Ainda assim, tudo o que foi construído até então, segue firme, seja pela bizarra história real que conta, ou pela forma que resolve contá-la. Não à toa, O Anjo é uma das maiores bilheterias do ano na Argentina e foi o indicado pelo país para disputar uma das vagas de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2019.

Um Grande Momento:
Evita e Peron.

Próximas sessões na Mostra:
Dia 23, às 19h50 – Cinesesc
Dia 24, às 18h45 – Espaço Itaú Frei Caneca 2
Dia 29, às 20h – Cinesala
Dia 30, às 18h45 – Espaço Itaú Augusta 1
Dia 31, às 14h – Reserva Cultural 1

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[42ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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