(La Havre, FIN/FRA/ALE, 2011)
Direção: Aki Kaurismäki
Elenco: André Wilms, Kati Outinen, Jean-Pierre Darroussin, Blondin Miguel, Elina Salo, Evelyne Didi, Quoc Dung Nguyen
Roteiro: Aki Kaurismäki
Duração: 93 min.
Nota: 5
A vida de Marcel Marx (André Wilms) sai da rotina de engraxate de sapatos no porto da cidade de Le Havre quando se depara com um garoto africano que conseguiu fugir da polícia francesa durante a apreensão de um grupo de imigrantes. A partir deste encontro inusitado, Marcel fará de tudo para colocar Idrissa (Blondin Miguel) de volta a sua rota rumo a Londres, onde reencontrará sua mãe.
O Porto é dirigido pelo finlandês Aki Kaurismaki e aborda o tema da imigração através deste conto passado em Le Havre, na Normandia, e seus moradores pitorescos. A questão dos imigrantes na França sempre foi um tema relevante. Devido a sua localização geográfica, este país serve como travessia para dezenas de povos. Porém, isto não é bem visto pelos próprios franceses, que adotam uma posição muitas vezes preconceituosa com os estrangeiros que lá decidem morar. Não é à toa que uma das promessas do atual presidente, Nicola Sarkozy, para tentar sua reeleição, é diminuir o número de imigrantes, restringindo os seus benefícios.
Mas a cidade onde a obra se passa parece estar alheia a tudo isto. Idrissa é acolhido calorosamente pela terra natal do pintor Claude Monet e vemos, durante 93 minutos de exibição, a saga de Marx ao ajudar o garoto a fugir da perseguição policial. Kaurismaki criou esta fábula, com personagens e situações tão inverossímeis que o filme acaba ganhando um tom de comédia água com açúcar, contrastando com o seu tema principal. Os elementos estão todos lá. O amigo imigrante boa praça, o cantor de coração partido, a dona do bar, a barraca de frutas, a esposa dedicada, o animal companheiro, o policial perseguidor implacável, uma vítima e o seu herói. Todos são bastante caricatos e as atuações teatrais carregadas marcam o ritmo dos diálogos.
Esteticamente, o filme recorre ao uso das cores primárias para marcar a sua fotografia. São muitos objetos em azul, vermelho e amarelo sobressaindo-se aos outros. A trilha instrumental delicada e deliciosa, juntamente com os quadros, traz uma vaga lembrança de outro filme francês: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Que, coincidentemente ou não, também apresenta personagens romantizados
O cartaz do filme cuja foto é um aperto de mão entre Marcel e Idrissa, é um resumo fiel da obra. Uma história de solidariedade e amizade gratuitas, nascidas pela empatia e identificação das minorias. O mundo pode ainda conviver com o cenário cinzento da xenofobia, mas o universo particular de Le Havre é acolhedor e colorido.
Um Grande Momento
Ainda que tenha muitos momentos meigos, o filme não tem nenhum grande momento.
Links
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