Crítica | Catálogo

A Última Chamada

(The Call , EUA, 2020)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Timothy Woodward Jr.
  • Roteiro: Patrick Stibbs
  • Elenco: Lin Shaye, Tobin Bell, Chester Rushing, Erin Sanders, Mike Manning, Sloane Morgan Siegel, Judd Lormand, Randy J. Goodwin
  • Duração: 95 minutos

A Última Chamada está estreando hoje nos cinemas com alguns gatilhos para fãs de filmes de terror atrelados a ele. Produtor de Premonição e protagonizado por Lin Shaye (de Sobrenatural) e Tobin Bell (de Jogos Mortais), o filme tem essas iscas para incautos. Na verdade, a dupla de atores interpreta um casal e deve ser o único elemento positivo de uma produção recheada de negativos. A presença de seus talentos dá ao filme um charme que não aparece com frequência no gênero, ao tratar dois veteranos como ícones longe da juventude. Há respeito e reverência às suas figuras, e ambos têm espaço para criar mais momentos repletos de recordações em relação às suas figuras. Pena que o projeto, como um todo, não os acompanha. 

O diretor Timothy Woodward Jr. tem um extenso currículo de longas metragens, um mais obscuro que o outro. Não dá pra dizer que lhe falta experiência, porque seu currículo fala por si. O que é visto em cena, no entanto, não é condizente com a quantidade de trabalho que ele já assumiu, e que nessa produção especificamente, parece pouco existente. Não digo verdadeiramente inexistente porque o título parece perdido dentro de um universo particular cheio de esquizofrenia barroca. Sozinha, suas escolhas por luz, som e enquadramentos já o configuram para algum processo de autoralidade dentro do cinema de gênero, que aqui nessa experimentação, parece fazer mais sentido pelas intenções que pela realização. 

As cores primárias estouradas, que vão rivalizando com uma caracterização de cenários muito evidente e a direção igualmente berrante, dão a A Última Chamada uma categoria diferenciada. Não há como negar uma tendência do filme ao ‘kitsch’, que extrapola os limites do bom gosto ao combinar muitos exageros em profusão. Isso não é apresentado como um cartão de visitas inicial, e sim vai abraçando a produção de maneira gradativa, num crescendo de deslocamento entre o que é concreto e o que é extravagante. Trata-se de cinema de gênero, ou seja, lógico que pode se debruçar em um estilo particular, onde cada sequência seja ainda mais afetada que a anterior; se o propósito era exasperar, os pontos foram marcados. 

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A Última Chamada
Cinedigm

Apesar do exotismo, o filme não consegue criar uma atmosfera onde tais componentes funcionem coletivamente. É quase como se o que é visto não fizesse sentido outro que não pela ótica do acaso, ou da falta de talento para que suas alegorias se conectem à narrativa, ao elenco, à trilha, às intenções, etc. É um quadro histérico que parte das escolhas da fotografia de um parceiro do diretor, Pablo Diez, para não conseguir fazer jus à tais escolhas autorais. Tudo caminha desconectado, e o roteiro claramente não parece se preocupar muito com sua construção, para piorar o quadro geral. A narrativa parte de soluções meramente providenciais, tudo correndo ao bel prazer do momento; um personagem caminha para um lado redentor, para só depois retroceder sem qualquer lógica. 

A trilha repleta de sintetizadores e a ambientação dos anos 80 não contribuem para o filme se tornar atraente ou original ou divertido ou apenas bom. Como se trata de uma produção extremamente barata, óbvio que não houve qualquer grana para pagamento de direitos autorais musicais. Logo, o filme é recheado de hits… que ninguém nunca ouviu! Os clichês tentam atentar o filme a muitas produções – todas, melhores – e o filme até parecia conseguir um plot twist minimamente interessante. Infelizmente não temos continuidade de situações, tudo parece abortado no meio do caminho, incluindo os únicos e velozes pontos de interesse que o filme eventualmente apresente na história do telefonema do além que leva os personagens para os piores momentos de suas vidas. Favor não atribuir qualquer semelhança a O Telefone Preto.

Diante de tal quadro de descaso, apenas o casal central está em dia com o talento. O quarteto restante que compõe o elenco está em graus diferenciados de desgraça, indo em uma régua do ‘ruim’ até o ‘deprimente’. Eles não funcionam de maneira alguma como um grupo de amigos, suas idades parecem indicar 10 anos a mais do que tem e sua ausência de qualidade só é retificada ao contracenar com os protagonistas. Não há marcação possível que os tire de um quadro de tragédia absoluta, o que acaba tornando a experiência de assistir a A Última Chamada inesquecível, ainda que pelos motivos equivocados. Parece uma grande salada, estranha e nada apetitosa, cheia de tempero e ao mesmo tempo sem qualquer personalidade. 

Um grande momento

O diálogo de despedida entre o casal Cranston

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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1 Comentário
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Alessandra
Alessandra
18/10/2022 13:38

Filme Completamente Ridículo do Começo ao Fim…..
Pior bosta que eu e meu namorado assistimos. Não sei como são capaz de por uma merda dessa no cinema.
Não assistem vão perder seu tempo e seu dinheiro.

Resumindo o filme:

4 adolescentes idiotas que perturba um casal de idosos.
A veia morre e o veio faz os 4 retardados dos adolescentes atender uma chamada de telefone dentro de uma sala.
Cada adolescente que entra lá dentro liga nesse telefone e é morto pela veia.
Fim……

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