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Para Roma, com Amor

(To Rome with Love, ITA/ESP/EUA, 2012)

Comédia
Direção: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Judy Davis, Alison Pill, Flavio Parenti, Fabio Armiliato, Roberto Benigni, Alec Baldwin, Jesse Eisenberg, Greta Gerwig, Ellen Page, Alessandro Tiberi, Penélope Cruz, Alessandra Mastronardi, Riccardo Scamarcio, Carol Alt, David Pasquesi, Ornella Muti, Vinicio Marchioni
Roteiro: Woody Allen
Duração: 113 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Quando um cineasta tem a sua obra mais recente recebida com um entusiasmo pouco testemunhado anteriormente, a tendência é dirigir um novo filme em que consiga se superar. Com Meia-noite em Paris, Woody Allen não conquistou apenas o Oscar de melhor roteiro original (um feito que não atingia desde o distante Hannah e Suas Irmãs), como também o maior sucesso de bilheteria em toda a sua carreira.

O que difere Woody Allen dos demais cineastas é que todo esse reconhecimento jamais apresentou alguma importância no seu poder em decidir qual argumento desenvolver para o seu próximo projeto. Avaliando por este ângulo, é injusto o pouco entusiasmo com que a crítica está encarando Para Roma, com Amor. Se não há em seu novo filme aquele encanto obtido com o universo fantástico de Meia-noite em Paris, isto não é razão para defini-lo como menos inspirado ou divertido.

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Em sua nova jornada pela Europa, Woody Allen oferece algumas novidades. A principal delas está no roteiro, que lida com quatro histórias com protagonistas distintos, um formato que remete às comédias italianas como Boccaccio ’70. Porém, o diferencial de Para Roma, com Amor está no modo em como elas são processadas na tela.

Ao contrário do que se vê no cinema contemporâneo, os protagonistas ou personagens secundários dessas histórias não se cruzam em nenhuma situação. Outra informação importante é que as quatro histórias criadas por Woody Allen não são contadas individualmente. Ao impor este intervalo entre partes de suas histórias, o cineasta faz um filme dinâmico.

Em Para Roma, com Amor, não há muitas cenas situadas em cenários de cartão-postal. Porém, isto não significa que Roma não seja bem explorada por Woody Allen. Como sugere um guarda de trânsito no início do filme, o que veremos serão contos que poderiam ser vividos por qualquer indivíduo presente naquela cidade.

O relacionamento entre a jovem americana Hayley (a ótima Alison Pill, que fez Zelda Fitzgerald em Meia-noite em Paris) e o italiano Michelangelo (Flavio Parenti) serve de primeiro trecho a ser apresentado. Hayley convida seus pais Jerry e Phyllis (Woody Allen e Judy Davis) para conhecerem a família de Michelangelo. Se Jerry fica decepcionado em ver que o namorado de sua filha não é aquele bom partido que ele imaginava, ao menos fica entusiasmado com a voz do pai de Michelangelo, Giancarlo (Fabio Armiliato). Produtor musical aposentado, Jerry tenta convencer Giancarlo, um agente funerário, a se tornar uma estrela. O problema é que o simpático senhor só apresenta um vozeirão debaixo do chuveiro.

Também temos a história que traz John (Alec Baldwin) procurando pela residência em que vivia na juventude em Roma. Por coincidência, esbarra em Jack (Jesse Eisenberg) pelas vielas da cidade, um estudante de arquitetura que ocupa tal residência com a namorada Sally (Greta Gerwig). Há um toque mágico aqui, uma vez que a presença de John se apresenta misteriosa ao interferir no relacionamento que se forma entre Jack e Monica (Ellen Page), melhor amiga de Sally que usa diversas artimanhas para conquistar os homens ao seu redor.

O divertido terceiro conto é sobre Leopoldo (Roberto Benigni), um homem como qualquer outro que de uma hora para outra vira uma celebridade. Leopoldo, um honesto pai de família que trabalha em um escritório, não compreende o que há de tão especial nele ao ponto de atiçar a atenção de jornalistas e paparazzi. Se toda a exposição o sufoca, ao menos lhe reserva alguns benefícios, como a companhia das mais belas modelos em eventos particulares.

Finalmente, o quarto conto de Para Roma, com Amor traz o doce casal formado por Antonio e Milly (Alessandro Tiberi e Alessandra Mastronardi). Recém-casados, eles chegam à cidade com o objetivo de começar a construir um futuro promissor, pois Antonio tem parentes ricos que podem lhe oferecer ótimas oportunidades de trabalho. Antes disso, acontece um grande infortúnio: enquanto Milly se encontra perdida no labirinto que é Roma, Antonio é surpreendido com a visita da prostituta Anna (a espanhola Penélope Cruz, que após Não Se Mova prova novamente ser dona de um ótimo italiano).

A exemplo de suas melhores comédias, Woody Allen apresenta ideias perfeitas para ilustrar o cenário utilizado. Homens como John e Jack foram concebidos como arquitetos para ressaltar as maravilhosas construções da cidade. Já Antonio e Milly representam tanto os casais apaixonados quanto os parceiros que estão abertos a se relacionarem com um pouco mais de ousadia, algo personificado com a presença de Anna.

Como nem tudo são flores, Para Roma, com Amor é bastante prejudicado pela história protagonizada por Jesse Eisenberg. Além de o segmento ser o único a flagrar Roma de maneira superficial (como a tempestade que invade as ruínas em que Jack e Monica estão numa situação particular), sente-se também que é aquele que Allen desenvolveu com menos inspiração, criando a possibilidade do conto só existir para justificar o núcleo inteiramente americano e as ambições comerciais que ele representa.

Com exceção desse problema, Para Roma, com Amor é só elogios. Ao final, todas as histórias respeitaram o tempo ideal de duração, não criando aquela sensação de que foram longas ou curtas demais. Sem dizer que é uma agradável surpresa rever Woody Allen em frente às câmeras. Sem atuar desde Scoop – O Grande Furo, o veterano retorna aqui para fazer aquele famoso neurótico responsável por diálogos de puro sarcasmo.

Um Grande Momento

Giancarlo se apresenta ao público cantando debaixo de um chuveiro.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=QciYI342304[/youtube]

Alex Gonçalves

Alex Gonçalves nasceu em Santo André e não é capaz de vivenciar um instante no automático. Às vezes bem-humorado, às vezes ranzinza, é também alguém que não sobrevive sem seus vícios por cinema, música, leitura, fotografia e Internet. Editor desde 2007 do blog Cine Resenhas.
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