O Fórum dos Festivais, principal entidade representativa das mostras e festivais audiovisuais do país, lançou uma campanha nacional pedindo a criação de uma política pública permanente para o setor. A iniciativa surge em um momento de estagnação nos investimentos federais e busca recolocar os festivais no centro das políticas culturais voltadas ao audiovisual.
Há 25 anos em atividade, o Fórum reúne mais de 500 eventos espalhados por todas as regiões do Brasil — de pequenas mostras comunitárias a festivais internacionais — e é a única associação juridicamente constituída com foco exclusivo nesse segmento. Ao longo de sua trajetória, tem sido responsável por articular o setor, propor políticas públicas e promover o diálogo entre realizadores, público e instituições.
Mesmo com papel essencial para a difusão do cinema brasileiro, os festivais seguem sem apoio consistente do poder público. Em 2025, ficaram de fora do Plano Anual de Investimentos (PAI) da ANCINE e não foram incluídos na agenda do Conselho Superior de Cinema para o biênio 2025–2027. A exclusão levou a entidade a encaminhar uma carta ao Conselho, pedindo a revisão imediata das diretrizes de fomento.
Segundo Josiane Osório de Carvalho, presidente do Fórum e diretora do Lobo FEST, do Distrito Federal, “Sem fomento para mostras e festivais, não se constrói público, nem se consolida mercado para o cinema nacional. Nossa campanha é um apelo por reconhecimento e por ação concreta do Estado”.
As principais reivindicações
Os eventos do setor ultrapassam o papel de vitrine e se consolidam como espaços de formação, debate e inclusão cultural. São atividades que fomentam empregos, estimulam a crítica e aproximam comunidades, funcionando como ponto de encontro entre a criação artística e o público.
A campanha “Por uma Política Nacional para Mostras e Festivais” defende:
- A retomada de uma linha de fomento exclusiva para festivais e eventos de mercado com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), nos moldes do antigo Edital SAV/MINC nº 11/2018;
- A destinação de 3% do PAI da ANCINE ao setor, com investimento retornável voltado à formação de público;
- O lançamento imediato de editais prometidos desde 2023 pela Secretaria do Audiovisual;
- A inclusão do segmento no Plano de Diretrizes e Metas do Audiovisual e na agenda do Conselho Superior de Cinema;
- A realização de um diagnóstico nacional sobre o impacto econômico e social dos festivais brasileiros.
Um setor que ajuda a sustentar o cinema brasileiro
Os festivais têm sido, historicamente, o principal circuito de exibição para o cinema independente no Brasil. Dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA) mostram que muitas produções nacionais alcançam mais público nesses eventos do que nas salas comerciais. Ainda assim, o setor permanece sem uma política de financiamento estável, dependendo de editais pontuais e iniciativas isoladas de governos e patrocinadores.
Fundado em 2000, o Fórum dos Festivais mantém interlocução com o Ministério da Cultura, a ANCINE, a Secretaria do Audiovisual e o Conselho Superior de Cinema, atuando de forma ativa nas discussões sobre políticas públicas para o audiovisual. Com a nova campanha, a entidade busca mobilizar realizadores, gestores e o público em defesa de uma política permanente, descentralizada e democrática para o setor.


