Comédia
Direção: Miguel Falabella
Elenco: Marília Pera, Arlete Salles, Natália do Vale, Otávio Augusto, Marcos Caruso, Neuza Borges, Juliana Baroni, Ana Roberta Gualda, Alexandre Slavieiro, Nicolas Trevijano, Stella Miranda
Roteiro: Miguel Falabella
Duração: 82 min.
Minha nota: 6/10
Nos anos 90, Miguel Falabella escreveu uma peça para sua amiga Cláuda Jimenes onde ela interpretava todos os papéis femininos. No ano passado, a peça, nas mãos do próprio dramaturgo, virou um filme cheio de histórias, com várias atrizes diferentes.
Na tela uma dona de casa cansada é o ponto de ligação entre vários personagens. Uma psiquiatra cheia de problemas, uma adolescente em crise, uma empregada que teve que assumir o papel de mãe de uma filha que não é sua, uma menininha pegadora, uma atendente de tele-ajuda, um adolescente fútil, um garoto de programa, um homem muito apegado ao material e um casal que vive viajando pelo mundo sem apreender muito dos lugares conhecidos.
O filme, dirigido também por Falabella, lembra em vários momentos os antigos filmes de Almodóvar e suas mulheres malucas e situações inusitadas. A alternância entre um visual de cinema e de peça teatral também relembra os filmes do diretor espanhol como O Que eu Fiz para Merecer Isto?.
Mas tudo pára nesta lembrança. O roteiro tem problemas com o tempo e as soluções que dá para todos os personagens existentes e seria muito mais eficiente se tivesse focado em um número menor de histórias.
A trilha sonora parece meio equivocada, às vezes, e sobra na situação. Outra falha é a irregularidade do elenco que mistura grandes atuações com a insegurança da inexperiência de alguns.
Ao mesmo tempo, é no elenco que está a grande força do filme. Marília Pêra dá um show como a dona-de-casa frustrada e a irmã gêmea turista e parece ter encontrado novamente alguém que a dirija bem no cinema. Claro que ela é uma das artistas mais completas e maravilhosas do Brasil mas, talvez por isso mesmo, não encontre a firmeza necessária em seus diretores, como aconteceu em seus filmes mais recentes. Em Polaróides, sem ser avacalhada e nem contida demais, ela arranca boas risadas e conquista quem está na platéia.
Neuza Borges também está bem ao encarnar o papel mais tocante da trama, assim como Natália do Vale, Arlete Salles e Stella Miranda. Ana Roberta Gualda e Juliana Barone também estão bem, mas ainda precisam se desvencilhar dos tiques que a televisão deixa em seus atores. O elenco masculino é pouco explorado, mas funciona bem.
No geral, o filme tem sucesso ao alternar entre o super divertido e o tocante. O objetivo de entreter seu público é completamente alcançado e fica uma pontinha de vontade de ver Falabella dirigindo novamente pois, se as influências falarem mais alto, coisas boas podem estar a caminho.
Para ser visto sem grandes expectativas e nos dias em que a distração é o principal objetivo.
Diferente do habitual estilo Globo Filmes de fazer cinema, muitos dos enquadramentos e das experimentações visuais passam longe da telenovela.
Um Grande Momento
Olha, é a artista.
Links