(Side Effects, EUA, 2013)
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Rooney Mara, Jude Law, Catherine Zeta-Jones, Channing Tatum, Vinessa Shaw, Polly Draper
Roteiro: Scott Z. Burns
Duração: 106 min.
Nota: 6
Desde 2011, Steven Soderbergh anuncia que irá se aposentar da função de diretor e parece que desta vez é para valer. Ainda será lançado o filme para TV “Behind the Candelabra” sobre a vida de Liberace mas, no cinema, Terapia de Risco é, provavelmente, o último trabalho de Soderbergh na direção.
A história é sobre uma jovem com distúrbios emocionais que, após diversos tratamentos, finalmente consegue resultados positivos ao ser submetida à nova droga do mercado chamada de Ablixa. O quadro depressivo e os pensamentos suicidas que Emily (Rooney Mara) apresentava vão desaparecendo e as coisas entram nos eixos quando ela recupera a disposição de viver.
Emily é casada com Martin (Channing Tatum), que foi libertado recentemente após passar quatro anos preso pela prática de insider trading (uso de informações privilegiadas para obter lucro no mercado), e ambos estão tentando reconstruir suas vidas, mas esta tentativa é interrompida quando Emily começa a manifestar os efeitos colaterais do remédio.
Terapia de Risco tem um início excelente. O filme traz questionamentos sobre como a indústria farmacêutica age para introduzir um novo medicamento no mercado. O lobby feito junto aos médicos, as campanhas publicitárias e toda ação necessária para dar credibilidade a uma droga que promete combater um dos grandes males da sociedade atual: a depressão.
O filme retrata bem estas questões através dos personagens de Jude Law e Catherine Zeta-Jones. Ele é Dr. Jonathan Banks, o atual terapeuta de Emily e ela, Dra. Victoria Siebert, a responsável por tratar a jovem no passado. Os diálogos entre os dois na busca de uma solução para o problema da garota deixam claro que a escolha por este ou aquele tratamento é determinada por motivos que vão além da medicina.
É muito interessante observarmos em Terapia de Risco como, mesmo dentro da ética médica, a administração de remédios que prometem devolver a “felicidade” às pessoas é tratada como questão comercial e esta reflexão é, sem dúvida, o melhor do filme.
Rooney Mara é o outro ponto alto da produção, ela mostra porque é considerada uma das grandes atrizes da nova geração. Segura em sua interpretação e dona de uma expressão facial marcante, ela transmite bem todas as nuances da personalidade de Emily.
Tudo seria quase perfeito caso o roteiro não tomasse outra direção, deixando em segundo plano os questionamentos levantados no começo do filme para entrar numa trama policial sobre assassinato. Não dá para negar que o thriller no qual o filme se transforma é eficiente. Ele é bem amarrado, prende a atenção, mantém a tensão até o final e é recheado de reviravoltas. Um prato cheio se a intenção fosse apenas ser mais um suspense como tantos outros. Mas é realmente uma pena ver o empobrecimento da história quando ela começa a seguir este rumo.
Soderbergh perde a oportunidade de criar um ótimo filme, assim como fez em Traffic: Ninguém Sai Limpo, quando retratou o caminho das drogas ilícitas, desde sua produção até chegar aos seus consumidores finais. Em Terapia de Risco, o diretor não aprofunda o lado social da trama, deixando em segundo plano a relação da nossa sociedade com outro tipo de droga, desta vez, os legalizados antidepressivos.
Um Grande Momento:
Dr. Banks enganando Emily.
Links
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