- Gênero: Comédia Romântica
- Direção: Patricia Font
- Roteiro: Marta Sánchez
- Elenco: Aitana, Fernando Guallar, Paco Tous, Natalia Rodríguez, Adam Jezierski, Miguel Ángel Muñoz
- Duração: 95 minutos
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De alguma maneira, o Sintonia de Amor lá de 1993 deve ter inspirado o filme no qual essa estreia da Netflix, Uma Parede entre Nós, se baseia; trata-se de um remake espanhol aqui. E com tanta perda de tempo irrelevante (ou filmes que nem a isso chegam), essa produção nos ganha por muitas coisas. A principal dela é a simpatia irrestrita que exala do filme, um daqueles títulos onde nenhuma pretensão foi empregada, e o resultado é somente uma história para passar o tempo e nos fazer relaxar, com bons atores contando uma história bem simpática. Para os fãs de comédia romântica, essa deveria ser a pedida do mês entre eles, porque a comunicação com a plateia é imediata e acaba por promover o melhor tipo de passatempo possível.
A trama é simples: Valentina se muda para um apartamento literalmente colado ao de David e ambos têm questões com som – ele só se concentra em seu trabalho no silêncio absoluto e ela é uma aspirante a pianista. A parede que os separa é tão fina e próxima que um ouve o que o outro faz, e isso cria uma inimizade instantânea entre eles. Sem nunca se ver mas ouvindo cada barulho a princípio e depois dividindo cada segredo, obviamente que eles irão se apaixonar. Isso é quase a totalidade de Uma Parede entre Nós, que obviamente conta com traumas de relacionamentos passados, cada personagem com seu coadjuvante ‘sidekick’ e aquele típico personagem mais velho e sábio. Ter todos esses clichês não o deprecia, porque tudo é aplicado com charme e honestidade.
O elenco é diminuto mesmo e o filme vai direto ao ponto. Muitas das qualidades são conseguidas através da direção de Patricia Font, que não tenta inventar algo novo, ou fingir que trata-se de uma produção mais sofisticada do que aparenta. É cinema de entrega direta ao consumidor, sem muita enrolação, e a vantagem de estar ao alcance do controle remoto. Com as novas informações de que a Netflix está diminuindo drasticamente seu catálogo de “filme de autor” e vai concentrar suas produções no cinema mais comercial, ao menos nos resta esperar que a produção melhore e que a base sejam coisas como Uma Parede entre Nós, que se não está criando qualquer tipo de discussão cinematográfica, ao menos não envergonha os envolvidos.
Seus dois protagonistas são vividos por bons atores, e possuem aquela identificação imediata que precisa existir em uma comédia romântica. Nós queremos que eles fiquem juntos porque conhecemos a história de ambos e sabemos que eles merecem ser felizes, e a medida que Uma Parede entre Nós avança, nossa percepção vai se confirmando. São pessoas simpáticas, dos quais nós teríamos a amizade com extrema facilidade, e que estão precisando de carinho no momento que o filme os flagra. Jovens e bonitos, os personagens nos ajuda a perceber credibilidade no que está sendo contado; sem pressão, estamos falando de um produto assumido que se contenta em sê-lo, e tá tudo bem.
Além de tudo, o filme é um trampolim para o lançamento de Aitana, uma cantora pop de sucesso da Espanha, como atriz. A moça tem uma boa estreia, segura e cheia de química com Fernando Guallar. Isso tudo contracenando com uma parede o filme inteiro, e ainda assim torcemos pelo casal. Acho que essa é a conclusão final acerca de Uma Parede entre Nós: mesmo sem estar juntos, Valentina e David estão apaixonados e isso salta aos olhos. Por essas e outras que o filme faz merecido sucesso, provando junto de Todos Menos Você que não precisa da coisa mais elaborada do mundo para o gênero. Se o casal tem química, 50% já está no bolso.
Um grande momento
A audição