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Tinta Bruta

(Tinta Bruta, BRA, 2018)
Drama
Direção: Filipe Matzembacher, Marcio Reolon
Elenco: Shico Menegat, Bruno Fernandes, Guega Peixoto, Sandra Dani, Frederico Vasques, Denis Gosh, Camila Falcão
Roteiro: Filipe Matzembacher, Marcio Reolon
Duração: 118 min.
Nota: 4 ★★★★☆☆☆☆☆☆

Em seu primeiro longa-metragem, Beira-Mar, a dupla Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, por trás de uma trama que envolvia negócios familiares, trata da adolescência e daquilo que costuma acompanhá-la. Em Tinta Bruta eles voltam a essa juventude, destacando também sentimentos próprios da fase, como a sensação de não pertencimento, incertezas de futuro e desejo sexual.

Diferente do filme anterior, há uma dureza no protagonista Pedro. A vida foi dura com ele e, como resposta, ele tornou-se uma pessoa retraída. Sem os pais e com a irmã mudando-se para outra cidade, se vê sozinho em Porto Alegre, um lugar com o qual ele estabeleceu uma relação de não-acolhimento e repúdio. O roteiro, assinado pelos diretores, pesa a mão na determinação da jornada do personagem, com quem toda uma sorte de coisas ruins acontece.

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Por um outro lado, há respiros na trama que despertam o interesse, como o carinho da avó – em um dos raros momentos em que ele recebe afeto de uma terceira pessoa – ou o envolvimento com Léo. Ou seja, é um personagem tão marcado pela dor, que momentos como esse são desejados, mas já chegam com a consciência de que nada durarão. Além disso, falta equilíbrio na distribuição das ações, nas revelações e até no desenvolvimento das relações.

Descolado do roteiro, porém, Tinta Bruta tem todo um cuidado visual que merece crédito. Seja na inspiração dardenniana; e no filmar a noite nas ruas porto-alegrenses; os corpos se misturando nas festas; e, seu ponto alto, as performances com tinta fosforescente na luz negra, meio que Pedro arrumou para ganhar dinheiro e possibilita um visual interessante, muito bem aproveitado pelos diretores. Outro ponto que chama a atenção é a trilha musical, que mistura ao tecno canções de No Porn, Musa Híbrida e Jaloo, entre outros.

Um Grande Momento:
A última cena.

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[42ª Mostra de São Paulo]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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