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Diplomacia

(Diplomatie, FRA/ALE, 2014)

Drama
Direção: Volker Schlöndorff
Elenco: André Dussollier, Niels Arestrup, Burghart Klaußner, Robert Stadlober, Charlie Nelson, Jean-Marc Roulot, Stefan Wilkening, Thomas Arnold
Roteiro: Cyril Gély (peça e adaptação), Volker Schlöndorff
Duração: 84 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

1944. Em plena Segunda Guerra Mundial, Hitler está indignado com suas derrotas bélicas. Para expurgar os insucessos e se vingar dos inimigos, decide destruir a mais famosa (e bela) cidade europeia, Paris. Tomada pelos alemães, a capital francesa tem um governo alemão provisório chefiado pelo General von Choltitz, aquele que será o responsável pela ordem das explosões coordenadas.

Antes de dar a ordem, porém, o militar do Reich tem um encontro inesperado com um antigo amigo, o cônsul sueco Raoul Nordling, que aparece de surpresa no seu quarto. O diplomata tenta demover o militar da ideia.

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Quase todo ambientado em um único espaço, a suíte do hotel de von Choltitz, Diplomacia é uma adaptação cinematográfica para a peça francesa homônima, do dramaturgo Cyril Gély. Os protagonistas são vividos por André Dussollier (Um Coração no Inverno) e Niels Arestrup (O Profeta), também responsáveis pela representação da história nos palcos.

Embora o roteiro, escrito pelo diretor Volker Schlöndorff (O Tambor) com a colaboração de Gély, trate de um evento real, as conversas e pormenores do encontro entre o comandante e o cônsul são desconhecidos e, por isso, fictícios. O texto, muito bem estruturado, faz com que diversos sentimentos e situações possam ser facilmente reconhecidos.

Ainda que seja extremamente contaminado pela aura teatral e conte algo com final sabido, já que fala de um evento histórico, o longa-metragem consegue prender a atenção do espectador pela fluidez do texto e pelas atuações verdadeiras.

Diplomacia_interno

O diretor Volker Schlöndorff demonstra um domínio muito grande daquele espaço pré-determinado e não se perde ao enriquecer sua história com algumas rápidas passagens externas.

Vale lembrar que essa mesma história já foi contada pelo livro “Paris Está em Chamas?” – frase supostamente dita por Hitler ao telefone depois do prazo para a ordem do bombardeio – e adaptada para as telonas pelo diretor René Clément, com roteiro de Francis Ford Coppola e Gore Vidal, e com Orson Welles no elenco. Adotando um caminho diferente, mais intimista, Diplomacia não fica devendo nada a ser antecessor.

Se tudo vai muito bem no conjunto da obra, alguns detalhes chamam a atenção, principalmente pelo espaço restrito e pela simplicidade na distribuição dos diálogos. É o caso da trilha sonora marcada e da quebra abrupta da linha estabelecida por discursos facilitados, como a conversa com o soldado jovem, ou pela diminuta tensão dos eventos externos. O clima pesado, por exemplo, pode ser muito mais sentido no interior do quarto do que na unidade prestes a explodir uma ponte.

Mas, mesmo que não seja perfeito, Diplomacia é um filme interessante que volta à Segunda Guerra e às loucuras de Hitler, mas para falar de intimidades muito mais humanas. Com destaque para a afiada direção de atores do diretor alemão e as atuações dos franceses Dussollier e Arestrup.

Um Grande Momento:
O remédio.

Diplomacia_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=p7_RpUw7044[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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