Crítica | Streaming e VoD

O Casamento de Rachel

(Rachel Getting Married, EUA, 2008)

Que família é um negócio complicado, todo mundo já sabe. Problemas não exclusivos acontecem aqui e ali, muitas vezes geram outros maiores e seguem em um crescendo. E, mesmo que as pessoas tendam pensar que só sua família é assim, na verdade qualquer outra família pode passar por situações parecidas.

Kym está internada para tentar se curar do vício em drogas e vai passar o final de semana com a família para participar do casamento de sua irmã, Rachel. A tensão causada pela presença dela e os fantasmas do passado vem e vão sem parar e nós, convidados deste casamento, vemos tudo através da nossa própria câmera.

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Filha do diretor Sidney Lumet (Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto), Jenny Lumet estréia muito bem uma história que mantém um ar de simplicidade mas está repleta de significados e nuances escondidos. Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes) segue o mesmo princípio e nos inclui na festa e nesta família magoada. Não é a toa que o filme todo é rodado em digital e com a câmera na mão e essa filmagem amadora, de festa em casa, é fundamental.

Muitos outros detalhes deixam a festa mais parecida com tudo que conhecemos de perto. A trilha sonora é executada pelos músicos do casamento e a iluminação, mérito do excelente fotógrafo Declan Quinn (Café da Manhã em Plutão), está o mais natural possível. O som direto também é fundamental para criar o clima.

Os atores também estão excelentes e tão à vontade que parecem mesmo se conhecer há toda vida. Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada) dá um show como a arrependida Kym, que vê na festa a oportunidade de se desculpar por todo mal que fez à família, e está muito bem acompanhada por Rosemarie DeWitt (A Luta pela Esperança), a noiva-irmã que quer, pela primeira vez na vida, as atenções só para ela e que tudo dê certo em seu grande dia. Outros nomes que chamam atenção são Bill Irwin (Across the Universe) como o esperançoso e preocupado pai e Debra Winger (Esqueça Paris) como a ausente mãe.

Um filme que vai conquistando o público a medida que evolui na tela e é duro e difícil como a maioria das produções que envolvem relações familiares. Ainda assim, merece ser visto. Talvez seja bom escolher um dia menos triste para assistir.

O conjunto da obra me lembrou muito dos filmes Cerimônia de Casamento, de Robert Altman, e Festa de Família, de Thomas Vinterberg.

Um Grande Momento

A conversa com a mãe.

Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)

Oscar
: Atriz (Anne Hathaway)
Globo de Ouro: Atriz (Anne Hathaway)
Festival de Veneza: Leão de Ouro

Links

Drama
Direção: Jonathan Demme
Elenco: Anne Hathaway, Bill Irwin, Anna Deavere Smith, Rosemarie DeWitt, Anisa George, Mather Zickel, Tunde Adebimpe, Debra Winger, Jerome Le Page
Roteiro: Jenny Lumet
Duração: 113 min.
Minha nota: 9/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
3 Comentários
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Wally
Wally
04/06/2009 11:25

Adorei este filme e concordo contigo. Fantástica direção intimista e simples, belíssimo elenco e roteiro introspectivo.

Nota 8.5

Vinícius P.
Vinícius P.
27/05/2009 06:06

Que filme fantástico esse do Jonathan Demme, hein? Já esperava um grande desempenho da Anne Hathaway, afinal ela foi super elogiada, mas o resultado geral é extremamente satisfatório.

Ramon
Ramon
26/05/2009 15:42

Minha nota para esse filme não pode ser menor que 10. Achei excelente! Muito bem dirigido, atuado e com um roteiro magnífico.

Abs!

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