Crítica | Streaming e VoD

Arraste-me para o Inferno

(Drag Me to Hell, EUA, 2009)

Até hoje em dia os Estados Unidos tentam superar uma das suas crises financeiras mais graves. Com o reajuste dos juros, congelados e facilitados no pós 11 de setembro, o ano de 2007 foi marcado pelo aumento das dívidas bancárias dos cidadãos americanos. Milhares de pessoas que hipotecaram suas casas se viram sem condição de pagar suas prestações e o número de inadimplentes cresceu assustadoramente. E a bola de neve continuou a aumentar.

No melhor estilo “isso dá filme”, os irmãos Sam e Ivan Raimi resolveram criar uma história baseada nesta realidade e descobriram um excelente motivo para o diretor de Homem-Aranha voltar ao terrir, gênero que o deixou conhecido e divertiu tanta gente nos anos 80, o terror escrachado, que assusta, mas também faz rir e muito.

Apoie o Cenas

A protagonista é a boazinha Christine Brown, que precisa deixar o coração pra lá caso queira ser promovida ao cargo de gerente auxiliar. Para provar ao chefe que consegue tomar decisões difíceis, ela resolve negar a uma estranha cliente idosa a prorrogação da hipoteca. Tudo daria certo se a velha não fosse uma cigana com conhecimentos para amaldiçoar sua alma e transformar, literalmente, sua vida em um inferno.

O filme acaba sendo uma deliciosa homenagem à trilogia Uma Noite Alucinante, com referências e tudo, taí a cena do olho que não me deixa mentir. Raimi mantém o humor, os sustos e ainda se aproveita das inovações tecnológicas que vieram com esses quase 25 anos de cinema, mas sem perder a noção de que se ficasse perfeito demais perderia alguns pontos. Ou seja, é assumidamente tosco.

A história é interessante e algumas cenas são inesquecíveis, como a violenta briga na garagem que provoca risadas e tensão na mesma medida. Com o bom ritmo e uma trilha sonora curiosa de Christopher Young, o filme chega fácil ao seu final e não frustra o espectador.

Além de todas as qualidades, o filme ainda tem um grande trunfo: a atualidade e quase universalidade do seu tema. Imagine quantas pessoas no mundo não pensaram em amaldiçoar o seu gerente de empréstimo, hipoteca ou cartão de crédito por falta de dinheiro?

Daquelas boas e imperdíveis surpresas que o cinema oferece pra gente. Perfeito para quem gosta deste tipo de terror.

Um Grande Momento

A briga na garagem.

Links

Submarino

Terror
Direção: Sam Raimi
Elenco: Alison Lohman, Justin Long, Lorna Raver, Dileep Rao, David Paymer, Adriana Barraza, Chelcie Ross, Reggie Lee, Molly Cheeck
Roteiro: Ivan Raimi, Sam Raimi
Duração: 99 min.
Minha nota: 8/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
6 Comentários
Inline Feedbacks
Ver comentário
ivan
ivan
20/10/2010 19:40

nossa é o mlhor filme de terror que eu ja vi noa a sam rami e ao pessoal que fez o filme

Mayara Bastos
Mayara Bastos
24/03/2010 20:36

Preciso ver este filme com certa urgência. Vou tentar neste feriado, rsrs. ;)

O Cara da Locadora
O Cara da Locadora
22/03/2010 22:25

Eu gostei bastante do filme… Sam Raimi realmente é muito melhor no trash do que nos super heróis, rs..

pseudo-autor
pseudo-autor
22/03/2010 20:19

É bem a cara do diretor Sam Raimi (que já havia realizado feitos notáveis no gênero, como por exemplo, Uma Noite Alucinante). Espero que agora que ele chutou o balde do Homem-Aranha volte às boas com o estilo que o consagrou.

Cultura? o lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Wally
Wally
21/03/2010 21:04

Um belo pedaço de entretenimento, foi um dos filmes com os quais eu mais me diverti ano passado.

Nota 8,0

Vinícius P.
Vinícius P.
21/03/2010 00:00

Sem dúvida foi uma das boas surpresas do último ano. Raimi foi certeiro ao trazer as raízes do gênero para a história, algo que pouco se vê atualmente.

Botão Voltar ao topo