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O Homem Que Mudou o Jogo

(Moneyball, EUA, 2011)
Drama
Direção: Bennett Miller
Elenco: Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Chris Pratt, Stephen Bishop, Brent Jennings, Kerris Dorsey
Roteiro: Michael Lewis (livro), Steven Zaillian, Aaron Sorkin, Stan Chervin
Duração: 133 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

O beisebol nunca foi um esporte que chamou muita atenção no Brasil. Mais por ser desconhecido do que pelo que é de verdade. Fato que, mesmo sendo uma experiência válida, esse distanciamento pode afugentar muita gente das salas de cinema. Mesclando imagens documentais com recriação de momentos e liberdades criativas para o desenvolvimento da trama, O Homem Que Mudou o Jogo conta a história de Billy Beane, diretor até hoje do Oakland Athletics, um tradicional time de beisebol da Califórnia, e de seu método de usar, no lugar da intuição de olheiros, a matemática e a estatística para alterar o modo como as contrações de jogadores eram feitas até então.

Inspiração do livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, no qual o filme se baseou, foi esse método que fez o Athletics, ou The A’s, conseguir desempenhos impressionantes – mesmo gastando muito menos do que outros times com o seu elenco, a equipe sempre obtinha bons resultados – e influenciou grandes times dos Estados Unidos, chegando a dar a vitória em 2004 ao Boston Red Sox, depois de um jejum de 86 anos.

Com um começo silencioso e interessante, cheio de jogos de luzes e sombras e pausas silenciosas, o filme consegue fisgar o espectador e tem força para mantê-lo mesmo depois de sequências corridas e técnicas demais e para os que não estão acostumados com o beisebol ou com as transações que fazem parte dele.

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Entre as maiores forças do longa estão as atuações precisas de Brad Pitt, como Baine, e do jovem Jonah Hill, que vive Peter Brand, personagem fictício baseado no economista Paul DePodesta. Perto de ambos, o elenco de apoio quase desparece, com exceção de Philip Seymour Hoffman, que com um olhar diz tudo, e Kerris Dorsey que, apesar da pouca idade, é responsável por uma das cenas mais sensíveis do filme.

A montagem precisa de Christopher Tellefsen mescla muito bem imagens de arquivo ao que acabara de ser criado, sem solavancos e estranhezas, e é fundamental nos momentos de jogo. A boa trilha sonora de Mychael Danna acompanha bem a emoção crescente e, eficientemente discreta, respeita o desenho de som, fundamental para o ritmo do filme.

No mais, fica a habilidade do diretor Benett Miller em usar o esporte para despertar emoções além da tela. Ele acerta quando entrega ao espectador, durante todo o filme, apenas flashs dos jogos, fazendo-os enxergar tudo aquilo pelos olhos de Beane, e sabe muito bem como usar um dos jogos mais emocionantes daquela temporada.

Com tudo no lugar devido, a qualidade de O Homem que Mudou o Jogo é inegável, mas, como era de se esperar, clichês de qualquer filme de esporte podem ser encontrados aqui e ali, assim como desnecessários flashbacks e uma escorregadinha emocionalmente apelativa no final do filme.

Obrigatório para fãs de esporte, independente de qual seja ele. Ainda que tenha regras, cifras e estádios diferentes, que não seja um dos mais conhecidos no Brasil e se baseie em estatísticas muito mais complicadas, as associações acontecem. Junto com aquela sensação que só o esporte pode causar.

Um Grande Momento

Tocando violão.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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