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Toda Forma de Amor

(Beginners, EUA, 2010)

Drama
Direção: Mike Mills
Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer, Mélanie Laurent, Goran Visnjic, Kai Lennox, Mary Page Keller, Keegan Boos, China Shavers
Roteiro: Mike Mills
Duração: 105 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

E mais uma vez voltamos ao cinema alternativo de Mike Mills. Diretor de alguns videoclipes, curtas e documentários, Mills estreou no cinema com o esquisitão Impulsividade, que reunia em seu elenco Tilda Swinton, Vincent D’Onofrio, Keanu Reeves e contava a história de um adolescente com pais maluquinhos que ainda chupava o dedo.

Tão indie quanto seu antecessor e ainda mais melancólico, Toda Forma de Amor fala sobre o eterno recomeço da vida, as voltas que o mundo dá, as influências de experiências alheias e o medo da incerteza do futuro. A figura central dessa história é Oliver, um ilustrador antissocial que está tentando recomeçar a vida depois de perder a mãe e, quatro meses depois, o pai que, depois de viúvo e aos 75 anos de idade, resolveu “sair do armário” e arrumou um namorado muitos anos mais novo.

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Se relacionando obsessivamente com suas memórias e dependentemente com um fofo cachorrinho que fala através de legendas, Oliver precisa sair do mundo apático que criou ao conhecer Anna e se apaixonar perdidamente. Seguindo uma trilha de acontecimentos esquisitos e comuns na arte indie, os dois, inaptos na arte de amar, se conhecem em uma festa à fantasia. Ele está vestido de Freud e ela, por causa de uma laringite, só se comunica com ele por meio de algumas palavras rabiscadas em um bloquinho de anotações.

Durante todo o filme, flashbacks relembram tanto a infância de Oliver e sua convivência com a mãe quanto, depois de adulto, a vida ao lado do pai apaixonado pela liberdade e pelo namorado. Junto com eles, muitas referências a cultura pop dos anos 80 e uma quantidade tão grande de informações históricas que chega a ser cansativo. São tantos caminhos que o filme acaba se perdendo nas muitas tramas secundárias e, ao assumir o risco de ser uma grande colagem, se afasta mais do que poderia de sua história principal e perde o público.

O resultado é interessante, mas com uma história central que não empolga, nem convence e que só sobrevive graças às atuações inspiradíssimas de seus atores principais. Ewan McGregor consegue criar um personagem tão sentimentalmente inseguro que é impossível não torcer por ele. Mas a grande atuação do filme é mesmo a de Christopher Plummer, no papel do pai. O veterano ator canadense, depois de uma filmografia irregular, está completamente à vontade no papel e demonstra uma maturidade e uma capacidade interpretativa que até então não foi tão explorada quanto deveria.

Entre acertos, excessos, viagens e muita melancolia, o filme consegue abordar as eternas reviravoltas da vida, que fazem de todos eternos iniciantes, vem daí o título original do filme. Mas é uma pena que fique devendo na execução e aquela sensação de “poderia ser tão melhor” não deixa o espectador nem depois do fim da sessão.

Um Grande Momento

Dance Music.

Oscar 2012
Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Plummer)

Links

IMDb Site Oficial [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=uPlY6OMQobw[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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