Sabemos que chegou meados de dezembro quando (quase) todas as informações sobre a próxima Mostra Tiradentes batem à nossa porta. E não será qualquer edição, mas as bodas de prata de um dos festivais mais bem sucedidos, queridos e esperados da agenda cinematográfica do país. De Tiradentes saem nomes como os de Guto Parente, Juliana Antunes, Thiago B. Mendonça, Isaac Donato, Julia Katharine, entre tantos outros, e é de Tiradentes que se consolidou o nome de Adirley Queirós, que vencedor da Aurora com A Cidade é uma Só?, agora retorna como o grande homenageado da 25a. edição da mostra.
Entre os próximos dias 21 e 29 de janeiro, todos os olhos cinéfilos estarão mirando Minas Gerais, precisamente a seleção tradicional que foi revelada parcialmente hoje, ou especificamente a programação justamente da Aurora, a principal mostra competitiva da mostra, de onde já saíram filmes definidores dos tempos como Meu Nome é Dindi, Estrada para Ythaca, Vermelha, Mais do que eu Possa me Reconhecer, entre outros.
Além de todas essas informações, também já recebemos o tema que formará a pauta e as discussões do encontro da próxima edição: “Cinema em Transição”. O título é auto explicativo, movimenta tudo o que estamos vivendo hoje através dos caminhos que o desgoverno colocou nossa produção cinematográfica, de como a criatividade nos fará reerguer mais uma vez, e ao mesmo tempo do que a pandemia do COVID-19 lega ao cinema, com as multiplataformas definidoras de novos rumos e novas percepções a respeito do que é e de que formas o cinema sobreviverá.
A presença de Queirós como homenageado alude diretamente para a temática da edição, tendo o próprio ampliado as conquistas de linguagem, de conversação e de possibilidades do cinema, revelando transições antes não compreensíveis, e chega até a pŕopria seleção desse ano, quase que totalmente alheia à narrativa tradicional ao se concentrar em documentários ou experimentações de gênero que o seu caráter híbrido defina para outras esferas de leitura.
O time curatorial continua o mesmo dos últimos anos, com Francis Vogner dos Reis e Lila Foster à frente dos longas e o trio Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva no comando dos curtas, um quinteto que respira Tiradentes mas que tem uma base forte em áreas outras como a realização e a Academia, e que amplificam as vozes de suas discussões de maneira exemplar para para os 10 dias onde Tiradentes se torna a capital de cinema do Brasil.
Esse ano a seleção da Aurora ficou fixada em São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e uma co-produção Rio de Janeiro e SP. São sete títulos que parecem mais concentrados do que em anos anteriores, mas que exibem a continuação da trajetória de alguns realizadores que já passaram por Tiradentes, tais como Fábio Leal, ela.ltda, Marcos Yoshi e Mozart Freire, que exibiram anteriormente e respectivamente Reforma, Drama Queen, Aos Cuidados Dela e Cinemão, curtas metragens muito celebrados, agora estreando em longas.
Os filmes dialogam com essa temática tão cheia de significados, além deles mesmo representarem um momento de transição com suas obras, pedaços de micro revoluções muito particulares e que movimentarão os debates pelas ruas de paralelepípedos da cidade mineira charmosa, e logo estarão também enchendo os corações e mentes de outros festivais do país.
Logo mais, novos anúncios trarão os filmes da Novos Rumos, da Panorama e da Foco, os filmes que serão exibidos na praça, o que Queirós está aprontando de presente para Tiradentes em troca de sua homenagem, enfim, toda a programação completa em breve estará à disposição do público, tais como irá funcionar a edição on line do evento, que voltará ao presencial e ao afeto tão marcante da mostra. O Cenas de Cinema está confirmado na cobertura da 25ª Mostra de Tiradentes, e você saberá de tudo aqui.
Abaixo, os selecionados para a Mostra Aurora:
A COLÔNIA, de Virgínia Pinho e Mozart Freire (CE)
BEM-VINDOS DE NOVO, de Marcos Yoshi (SP)
GRADE, de Lucas Andrade (MG)
MAPUTO NAKUZANDZA, de Ariadine Zampaulo (RJ/SP)
PANORAMA, de Alexandre Wahrhaftig (SP)
SEGUINDO TODOS OS PROTOCOLOS, de Fábio Leal (PE)
SESSÃO BRUTA, de As Talavistas e ela.ltda (MG)