Crítica | Festival

36 Passos

(36 Pasos, ARG/ESP/EUA, 2006)

Depois de uma longa cena de atropelamento, um cadáver de biquini fica jogado na estrada até a chegada de pernas femininas. A sequência chama a atenção para o filme 36 Passos. Apesar de um começo visualmente impactante, a trilha sonora insistente já demonstrava que alguma coisa ali seria problemática.

Em uma casa, cinco mulheres têm que seguir seis regras que envolvem silêncio e diversão o tempo todo. Elas preparam uma festa, mas durante quase todo o filme não sabemos o porquê e nem para quem.

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Com uma história e o suspense eficiente, o resultado do filme deveria ser muito melhor do que o apresentado. Ao invés disso, sofremos com a execução sofrível e a irritação que o filme causa por mais de 90 minutos.

Enquanto a trilha sonora resolve misturar todos os gêneros musicais sem nem um minuto de silêncio, alguns planos são absurdos, a iluminação não consegue chegar a um equilíbrio e o elenco é muito, muito, muito ruim.

O figurino é tão ínfimo quanto a coerência das primeiras sequências, mas é fundamental para contribuir para a bizarrice e a vergonha alheia causada por algumas cenas, como a coreografia tosca que nunca acaba ou a brincadeira na piscina depois de uma cena sanguinolenta.

A apresentação das loiras é bem cansativa e se perde ao mostrar a vida de uma das meninas em retrocesso desde a formatura na escola e os treinos, agora na ordem normal, da jogadora. Além disso um sonho é feito em animação e a demarcação do espaço usa computação gráfica.

Planos-detalhe de insetos e seqüencias como a da menina estranha, a personagem mais interessante do filme, soltando pipa são terríveis. Moscas que aparecem quando há sangue na tela, uma boca marcada a ferro, fotos que se teletransportam e a sincronia entre efeitos sonoros de um desenho animado com acontecimentos também estão lá para marcar lugar.

Além de todos os defeitos, um roteiro muito mal estruturado e forçado, deixa tudo muito chato e faz o conjunto da obra ser uma das experiências audiovisuais de mais mau-gosto que eu já vi.

Mas o mais impressionante é que o público fica completamente curioso. A tensão psicológica e uma curiosidade quase sádica são estimuladas de alguma maneira e acabam deixando todo o resto em segundo plano.

Um dos piores filmes que eu já vi, mas um dos que mais me deixou curiosa com o final também.

Daqueles que eu não sei se indico ou não, mas que pode agradar aos que gostam do gênero slasher e querem ver algo bem tosco.

Um Grande Momento
Não tem nenhum, mas as caras da irmã freak são muito boas.
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Horror
Direção: Adrián García Bogliano
Elenco: Noelia Balbo, Ines Sbarra, Ariana Marchioni, Melisa Fernandez, Priscila Rauto, Andrea Duarte, Victoria Witemburg, Priscila Caldera, Ana Haramboure, Omar Musa, Sabino Molina, Fernando Roa
Roteiro: Adrián García Bogliano, Ramiro García Bogliano
Duração: 98 minutos
Nota: 3/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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