(La demora, URU/MEX/FRA, 2012)
Direção: Rodrigo Plá
Elenco: Roxana Blanco, Carlos Vallarino, Oscar Pernas, Cecilia Baranda, Thiago Segovia, Facundo Segovia
Roteiro: Laura Santullo
Duração: 84 min.
Nota: 7
Situações desesperadoras levam a ações impensadas que marcam a vida para sempre. O ser humano no limite pode chegar a absurdos desumanos que não seriam antecipados nem pelos mais pessimistas. É o que faz María com seu velho pai.
Desesperada pela falta de dinheiro e a pobreza em que vive, essa mulher cria sozinha os três filhos e cuida de seu pai, Agustin, que começa a apresentar os primeiros sintomas do Mal de Alzheimer. Morando em um pequeno apartamento em um bairro pobre de Montevidéu, todo o dinheiro do sustento da família vem de um bico que ela faz como costureira.
Quando chega ao seu limite, María tenta dividir o fardo do pai com uma irmã e chega a pensar em interná-lo em um abrigo público, mas diante das negativas, resolve abandoná-lo em uma praça, para que, quem sabe assim, seja recolhido pela assistência social.
A dureza da situação é retratada por Rodrigo Plá de maneira melancólica e comovente. Os cuidados com o pai, o dia a dia com os filhos, os problemas na fábrica e a busca desesperada por uma solução chegam na tentativa de amenizar o terrível ato praticado pela filha, mas a contraposição com os atos do idoso, o afeto dos netos e as muitas situações inesperadas por sua idade avançada acabam sendo determinantes para o espectador, que escolhe de pronto o seu lado e, entre toda a negatividade que sente pela protagonista, torce para que as coisas não terminem da pior maneira.
Impossível se manter impassível aos momentos de espera de Agustín que, a despeito do frio, do medo e beneficiando-se da confusão natural da doença, tenta desculpar o ato da filha, mesmo sem saber ao certo o que aconteceu. Do mesmo modo, é difícil aceitar as muitas tentativas de María em reparar seu erro e acompanhar a sua jornada em busca do pai sem sentir um desprezo enorme por sua pessoa.
Contando com atuações impressionantes de Roxana Blanco, como a filha, e Carlos Vallarino, como o pai, o filme toca pontos importantes como a obrigação de cuidar dos filhos para com os pais, passando pelos percalços da velhice, da senilidade e de situações financeiras desfavoráveis.
Simples e despretensioso, sabe utilizar-se da sutileza. Mexendo com sentimentos que estão presentes na vida de qualquer um que tenha pais ou filhos e explicitando a retribuição de um amor que, por natureza, não pode ser superado, A Demora faz pensar. Há coisas que não se perdoam, que não se justificam, por mais adversas que sejam as situações. O que María fez é uma delas.
Um Grande Momento
“Será que ela está brava comigo?”
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