- Gênero: Drama
- Direção: Steven Spielberg
- Roteiro: Tony Kushner
- Elenco: Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, James Spader, Hal Holbrook, Tommy Lee Jones, John Hawkes, Jackie Earle Haley, Bruce McGill, Tim Blake Nelson, Joseph Cross, Jared Harris, Lee Pace, Peter McRobbie, Gulliver McGrath, Gloria Reuben, Jeremy Strong
- Duração: 150 minutos
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Entre muitas diferenças e divergências, há uma figura que parece agradar a todos os estadunidenses, Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos e um dos responsáveis por muita coisa em seu país ser o que é hoje.
Retratado como pessoa de fino trato, que não levantava a voz e sempre atendia a todos com sorrisos, ele tinha na teimosia sua melhor qualidade. Foi com ela que, entre outras coisas, fundou o partido Republicano, que antigamente estava muito mais próximo ideologicamente ao Democrata que conhecemos hoje em dia; aboliu a escravidão e reuniu uma nação que se via dividida pela guerra da secessão.
Um pouco da história deste homem chega aos cinemas e quem assina a homenagem é Steven Spielberg. É possível notar o amor do diretor pelo trabalho em cada segundo do longa-metragem. Há cenas épicas de batalha, como já estamos acostumados a ver em sua filmografia, mas Lincoln é um filme diferente dos outros que tem a sua marca. Muito focado em discursos e palavras, conhecemos a vida particular do presidente norte-americano e acompanhamos as investidas de seus partidários para a aprovação da 13ª emenda constitucional, aquela que proibiria a escravidão e transformaria os negros em cidadãos americanos.
O filme é um retrato interessante da política. Os meandros, manipulações, joguetes e apelações que estão lá e demonstram que essa grande roda gira assim em qualquer lugar há muitos anos. É universal. Além disso, é curioso perceber a transformação pela qual passaram os dois únicos partidos políticos dos EUA. Mudanças de ideologias e novas situações acabaram fazendo com que um, de alguma maneira, virasse o outro. E vice e versa. O que também está longe de ser uma característica exclusiva.
Sobrando na política, Lincoln tem um ritmo arrastado e acaba cansando. Embora Spielberg tente amenizar o problema com inserções da guerra que acontecia no momento dos fatos entre os estados do sul e do norte, estas acabam contaminadas pelo clima geral e, por mais de uma vez, a alternância entre os dois ambientes incomoda mais do que ajuda (que o diga a briga do jovem Robert Lincoln para se alistar para o conflito).
Mas Spielberg parece ter assumido que este era o caminho seguro e segue contando sua história exatamente como imaginado, mantendo o foco nos dois fatos que, por fim, custaram a vida do presidente. Com um filme diferente do que estamos acostumados a ver produzido por ele, é inclusive no momento da morte que menos se reconhece o diretor e isso é bem positivo.
Outra diferença facilmente percebida é a trilha sonora discreta e comedida do sempre retumbante John Williams. Junto com a ela, entre as qualidades do longa, estão os trabalhos do diretor de fotografia Janusz Kaminski, o desenho de produção de Rick Carter e o figurino de Joanna Johnston.
Qualidades e defeitos à parte, todos os olhos se voltam mesmo ao trabalho fenomenal de Daniel Day Lewis. Não deixa de ser curioso que um ator inglês dê vida a um dos mais amados presidentes estadunidenses, mas a incorporação daquela figura doce e obstinada é tão minuciosa que é difícil não se render e esquecer desse detalhe. O trabalho destaca-se nas sutilezas. A postura, a entonação, as feições, tudo tão calculado e tão natural que é difícil alguém não reconhecer a qualidade da interpretação. Obviamente, em um filme como Lincoln, esse tipo de observação fica facilitado.
Ainda que longe de qualquer comparação, outros bons trabalhos podem ser vistos no longa. É o caso de Tommy Lee Jones como o republicano radical Thaddeus Stevens; Sally Field como a primeira-dama Mary Todd Lincoln; David Strathairn como o secretário de estado William Seward; Jackie Earle Jones, como o vice-presidente dos Estados Confederados Alexander H. Stephens, e Lee Pace, como o melhor orador do partido democrata.
Bem mais longo do que precisava ser e com um ritmo complicado, Lincoln desperta o interesse graças a atuações carismáticas e por ser um Spielberg que, ainda que guarde algumas marcas registradas, consegue ser diferente de toda a sua obra. Além disso, é interessante conhecer os bastidores políticos de um momento histórico importante e perceber a construção de convicções a qualquer custo e por motivações diversas.
Um Grande Momento
Convencendo os colegas republicanos a conseguir os votos que faltavam para a aprovação da emenda
Oscar 2013
Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), Melhor Direção de Arte (Rick Carter, Jim Erickson)